segunda-feira, 11 de maio de 2009

Entrevista: nível de inovação em MPEs brasileiras ainda é baixo


Fonte: PROTEC

Segundo diretor do Sebrae, nível de competitividade de micro e pequenas empresas é menor que o exigido em um cenário globalizado porque elas são voltadas para o mercado interno

Em abril, Brasília sediou o 6º Reconhecimento e Premiação Nacional às Micro e Pequenas Empresas (MPE Brasil), uma iniciativa conjunta do Sebrae, Fundação Nacional da Qualidade, MBC, Grupo Gerdau e Petrobras. Em entrevista, o diretor técnico do Sebrae Nacional, Luiz Carlos Barbosa, autor de diversos estudos sobre competitividade e pequenos negócios, fala sobre a importância da premiação para o setor e os desafios das MPEs. Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista.


Quais são os principais critérios adotados pelo MPE Brasil para avaliar uma boa gestãoω

São utilizados critérios integrantes do Modelo de Excelência em Gestão da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), com base nos 11 Fundamentos da Excelência reconhecidos internacionalmente. A aplicação desses conceitos ocorre de forma cuidadosa, procurando levar em consideração as características específicas das MPEs.

Quais são esses fundamentosω

Pensamento sistêmico; aprendizado organizacional; cultura da inovação; liderança e constância de propósitos; orientação por processos e informações; visão de futuro; geração de valor; valorização de pessoas e desenvolvimento de parcerias. Pode-se observar que tais critérios compreendem duas dimensões fundamentais para se chegar à boa gestão: a utilização de indicadores técnicos e de ferramentas gerenciais consagradas para monitorar o desempenho dos negócios.

Quais são essas ferramentasω

Índices de rentabilidade e de lucratividade; ponto de equilíbrio; payback e controle do fluxo de caixa, entre outros. O Sebrae tem valorizado e difundido de forma intensa também características comportamentais que definem o perfil do empreendedor com maiores possibilidades de sucesso. Por exemplo, comprometimento com os objetivos do negócio, compromisso com a qualidade dos produtos e serviços ofertados, persistência, capacidade para estabelecer metas adequadas, busca permanente de informação, valorização de rede de contatos, etc.

Qual a avaliação do Sebrae em relação ao nível de competitividade e inovação nas micro e pequenas empresas no Brasilω

As MPEs são predominantemente supridoras do mercado interno, o que ainda lhes permite operar com níveis de competitividade e de inovação relativamente baixos se comparados aos padrões exigidos pelo mercado globalizado. Mas, sem dúvida, na medida em que a economia brasileira passou a experimentar maiores níveis de inserção internacional, tanto nas exportações e principalmente nas importações, alguns segmentos foram mais desafiados e passaram a conviver com maior competição. Nas MPEs que fazem parte de cadeias produtivas onde a concorrência é mais acirrada, o nível de competitividade e de inovação é mais percebido.

A pesquisa GEM 2008 apresenta quadro comparativo de três categorias de empresas existentes no Brasil, tomando como parâmetro características de inovação nos empreendimentos.

Quais são essas característicasω

São três: empreendimentos não-inovadores; empreendimentos com capacidade de inovação intermediária e empreendimentos inovadores. A partir dessa comparação, constatou-se que, em nosso país, 80% dos empreendedores por oportunidade (de mercado) e 90% dos empreendedores por necessidade afirmaram que seus produtos não são considerados novos no mercado. Portanto, enquadram-se na categoria "não-inovadores". Ou seja, são empreendedores cuja estratégia empresarial é essencialmente a de suprimento de mercados muito locais.

Ainda segundo a Pesquisa GEM 2008, a maioria de empreendedores que utilizam tecnologias já difundidas e conhecidas, instala-se em atividades de fácil acesso, sem barreiras de entrada, que exigem baixos investimentos em capital fixo e cujas atividades representam menores riscos.

Outro aspecto importante indicado pela Pesquisa alerta para o fato de que a baixa capacidade de inovação dos empreendedores brasileiros é também explicada pela reduzida expectativa que eles têm de exportar seus produtos: 85% dos empreendedores não possuem tal expectativa.

Somente 2,5% do valor total das exportações brasileiras, segundo pesquisa Sebrae/Funcex, são realizadas diretamente pelas MPEs. Outra fonte importante é a Pintec, pesquisa de inovação do IBGE, que mostra que ainda é baixo o número de pequenas empresas inovadoras. Todos esses indicadores revelam quanto ainda temos a percorrer para elevarmos o patamar de competitividade e de inovação nas MPEs brasileiras. São desafios que o Sebrae e diversas outras instituições estão trabalhando ativamente para superar.

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