quarta-feira, 20 de maio de 2009

Brasil é destaque em empreendedorismo

País é quinto no ranking global da Global Entrepreneurship Monitor

O número de brasileiros que está trocando o trabalho como funcionário em uma empresa ou mesmo driblando o desemprego com a montagem de um negócio próprio está crescendo. Melhor do que isso, aqueles que optaram pelo empreendedorismo têm conseguido permanecer no mercado de forma mais sustentada. As informações constam da nova pesquisa do GEM (Global Entrepreneurship Monitor), instituto que mede as taxas de empreendedorismo mundial. Os números referentes ao Brasil são animadores. Apesar de ter mantido a 5ª colocação no número de empreendedores - dentro de um ranking de 42 países - , o percentual das empresas que mantêm-se estabelecidas no mercado tem crescido regularmente: passou de 7,6%, em 2003, para 12,09%, no ano passado, para um total de 14,2 milhões de empreendimentos.

Concebido em 1999, o GEM é o maior estudo independente sobre a atividade empreendedora mundial, cobrindo mais de 50 países consorciados, o que representa 90% do PIB (Produto Interno Bruto) e aproximadamente dois terços da população global. Na edição 2006, dos 42 países participantes da pesquisa, 21 eram da Europa, 10 do continente americano (sendo metade da América do Sul), 9 da Ásia, um da África e um da Oceania. Oito novos países participaram do levantamento pela primeira vez: República Tcheca, Turquia, Colômbia, Uruguai, Emirados Árabes, Filipinas, Indonésia e Malásia. A população economicamente ativa - na faixa etária dos 18 aos 64 anos - dos países compreendidos na pesquisa totaliza 2,7 bilhões de pessoas. Aproximadamente 9,5% desse total estava, em 2006, envolvida na criação ou à frente de alguma atividade empreendedora. Desde que a pesquisa foi iniciada, o Brasil sempre esteve entre os dez primeiros colocados.

A pesquisa apresenta dados curiosos. Pela primeira vez na história do levantamento, o número de empreendedores estabelecidos (mais de quatro anos de mercado) superou o de iniciantes (que estão em fase de implementação do negócio ou que já o mantêm por 42 meses). A taxa de empreendedores iniciais no Brasil em 2006 (11,7% do total das empresas), manteve-se praticamente inalterada em relação ao ano anterior, que foi de 11,3%. Mas a de empreendedores estabelecidos vem crescendo muito. Eram 7,8% do total, em 2002, e chegaram a 12,9%, no último ano. "Esse ineditismo sugere um ambiente mais propício ao negócio próprio, atribuído sobretudo à estabilidade econômica. Se realmente se confirmar essa tendência, podemos somar a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas como outro fator para consolidar um clima favorável ao surgimento e manutenção de novas empresas", afirmou o presidente do Sebrae (Serviço de Apóio à Micro e Pequena Empresa) nacional, Paulo Okamoto.

O levantamento mostra que o Brasil é o décimo país com o maior número de pessoas que abrem negócio no mundo. São cerca de 13,7 milhões de empreendedores iniciais. Nessa categoria, os países mais empreendedores são o Peru (40,1%), Colômbia (22,4%), Filipinas (20,4%), Jamaica (20,3%) e Indonésia (19,2%). No ranking das empresas já estabelecidas, os países que saem na frente são Filipinas (19,7%), Indonésia (17,6%), Tailândia (17,4%), Peru (12,3%) e Brasil (12,09%).

Desde 2005, o GEM também analisa os países segundo o PIB per capita: são os países de renda média e os de renda alta. Assim, constatou-se que as taxas de empreendedorismo inicial tendem a ser mais altas nos países de renda média, devido a diversos fatores, como perfil demográfico e valores culturais. A taxa de empreendedores iniciais é relativamente menor nos países de alta renda, de modo especial na União Européia e no Japão.

Além disso, o levantamento diferencia os empreendedores em função de sua motivação para desenvolver um negócio próprio, se por necessidade ou espírito empreendedor. "Verifica-se que, nos países de renda per capita mais alta, para cada nove empresários que tocam um negócio por oportunidade, apenas um é por necessidade. Na média dos países mais pobres, essa relação é de três por motivação para cada um que tem a real necessidade de um negócio próprio para sobreviver. No Brasil há um empate nesse quesito, mas o que preocupa é que a maioria empreende por sobrevivência", explicou o consultor sênior da GEM no Brasil, Marcos Schlemm.

Fechamento dos negócios

A descontinuidade dos negócios, bem como os motivos que levam uma empresa a ser fechada, foram analisados na pesquisa de 2006. A média global de fechamento totaliza 3,8% das empresas. Em relação aos fatores que inibem o empreendedorismo no Brasil, cerca de 70% das menções feitas por especialistas ouvidos pela GEM concentram-se em três condições: políticas governamentais, especialmente a elevada tributação e o excesso de burocracia; apoio financeiro, como a dificuldade de acesso a crédito e política de juros altos; e educação e treinamento, por não explorar o tema empreendedorismo no ensino formal.

Já os empreendedores têm dificuldade de obter não apenas informações sobre legislação, políticas públicas e linhas de crédito, como também acesso ao próprio crédito para investimento. De acordo com o mesmo estudo, 56% dos empreendedores entrevistados têm como fonte de recursos os parentes próximos e 53,6% utilizam dinheiro próprio. No mais, daqueles que fecharam suas empresas, 31% alegaram excessiva competição e falta de clientes, ao passo que 9,7% informaram ter arrumado um bom trabalho.

Fonte: http://www.universia.com.br

Por Felipe Datt

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