segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Marcas e patentes são maior patrimônio empresarial

Conhecimento e tecnologia são os maiores patrimônios de uma empresa. Elas já perceberam que investimentos intelectuais são mais importantes do que os físicos.

Universidades também começam a criar Núcleos de Inovação Tecnológica com vista nos rendimentos que uma invenção registrada pode gerar. A constatação é da advogada Juliana Viegas, presidente da Associação Brasileira de Propriedade Intelectual (ABPI), animada por fazer parte de uma atividade em franca expansão e em grande evolução.

No Brasil, a onda de expansão da propriedade intelectual pode ser explicada tanto pelo momento favorável da economia, como pela percepção da importância de marcas e patentes para o desenvolvimento. “A cada dia surgem novas tecnologias na informática, na biotecnologia, nos cultivares, que nos demandam novos estudos”, conta a presidente da ABPI, que vê boas perspectivas também para o mercado de trabalho de advogados.

Desafio que começa também a ser vencido no campo oficial. O desaparelhamento do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, encarregada do registro de marcas, concessão de patentes e averbação de contratos de transferência de tecnologia, ainda é tido como uma fonte de insegurança jurídica. A lentidão do órgão para registro de patentes foi apontada também como uma das razões para que o Brasil não tenha aderido ainda ao Protocolo de Madri, tratado internacional de registro de marcas no exterior. "Mas estamos evoluindo, e acho que o Brasil já está em condições de aderir ao Protocolo", diz Juliana Viegas.

Outro desafio do país é recuperar sua imagem no exterior afetada pela quebra compulsória de patentes de medicamentos feita pelo governo. "A imagem é pior do que a realidade", diz a advogada. Mais complicada é a questão da pirataria, que também tem sido enfrentada com muita disposição. "A criação do Conselho Nacional de Combate à Pirataria é uma mostra disso", afirma. Ela acha que seria muito bem vinda uma reforma da Lei de Direitos Autoriais que ao mesmo tempo permitisse o acesso à informação e protegesse o direito do autor.

Juliana Viegas termina no fim do ano seu terceiro mandato à frente da ABPI. Antes já havia sido presidente da entidade de 1996 a 2000 e de 2008 a 2009. Formada pela faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, em 1969, entrou na área da Propriedade Intelectual por acaso. Quando se apresentou para seu primeiro emprego no escritório de advocacia Garland & Stroeder, atual Trench, Rossi & Watanabe, entregaram-lhe um Código de Propriedade Industrial (não havia ainda a Lei de Propriedade Intelectual) e lhe disseram: 'Estuda isso aí'. Ela estudou, foi uma das primeiras a efetuar um registro no INPI, e é hoje uma das maiores autoridades na matéria. Virou também sócia do escritório onde permaneceu até se aposentar, quando passou a dar dedicação exclusiva à ABPI.

Participaram da entrevista os jornalistas Maurício Cardoso e Lilian Matsuura.

Conjur — O Brasil tem uma imagem internacional muito ruim em matéria de marcas e patentes. Evoluimos nesse quesito?
Juliana Viegas — O Brasil tem uma boa legislação, mas algumas atitudes do governo brasileiro não foram muito felizes para a imagem do país lá fora, mesmo não correspondendo inteiramente à realidade. Por exemplo, o [José] Serra quando era Ministro da Saúde, ameaçou fazer licenciamento compulsório de patentes, e mais recentemente o governo fez o licenciamento compulsório do Efavirens [droga para tratamento de Aids]. O licenciamento compulsório é perfeitamente legitimo, está previsto no acordo Trips [sigla em inglês para Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio] , mas deve ser feito com muito cuidado porque quebra a confiança que se tem na proteção da propriedade intelectual. Usar o licenciamento compulsório como moeda de barganha às vezes pega meio mal. Outro problema que o Brasil tem que enfrentar no exterior é o problema da pirataria, principalmente de software. E olha que o Brasil nem é o maior fabricante de produtos piratas. Eles vêm da China, da Indonésia e chegam aqui via Paraguai.

Conjur — Tem como combater pirataria de software?
Juliana Viegas — Tem. A ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software), tem um bom programa de combate a pirataria. Ela ABES trabalha junto com a Business Software Alliance, uma associação de empresas de software, sem fins lucrativos, que combate a pirataria no setor. Eles têm até um telefone 0800 para receber denúncias. Um funcionário é despedido, fica chateado e telefona para o 0800 denunciando a empresa. O grande problema da pirataria não é a pessoa física que tem um software pirata em casa, são as grandes empresas que têm centenas de cópias de programa.

Conjur — As empresas são punidas pelo uso de cópias ilegais?
Juliana Viegas — Geralmente elas fazem acordo, porque não querem ser acionadas. Quando não há acordo vai-se à Justiça, que tem dado decisões muito boas: a empresa tem de pagar pelos softwares que usa e mesmo pelos softwares que comercializa. Porque tem empersas ainda mais afrontosas que reproduzem os softwares para vender a cópia pirata. O Brasil está tomando medidas corajosas contra a pirataria. Criado em 2004, o Conselho Nacional de Combate à Pirataria, do Ministério da Justiça e do qual a ABPI é membro, tomou algumas medidas bastante importantes. A partir de 2008, o CNCP entrou em um processo de planejamento estratégico, chamou uma empresa especializada, em Brasília, e já está praticamente finalizando o estudo. Com ele será possível estabelecer novos planos, programas e metas.

Conjur — Que tipo de ação está previsto?
Juliana Viegas — Uma delas é bastante ambiciosa e pretende se concentrar em alguns centros, capitais chave como Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba. Porque cada cidade sabe onde está a pirataria. Aqui em São Paulo, é na Galeria Pajé, Rua 25 de Março; no Rio do Janeiro é na rua da Alfândega. Cada cidade vai ter um conjunto de medidas diferente. São projetos complexos, que dependem de uma série de pessoas e elementos, mas que pode funcionar muito bem. A cidade que conseguir reduzir a pirataria terá uma série de benefícios como o aumento na arrecadação de impostos e de postos de trabalho formal.

Conjur — Além do software, onde mais a pirataria ataca?
Juliana Viegas — As coisas mais obvias são os CDs e os DVDs. Depois tem a parte de marcas, de produtos de moda, não só roupa, mas principalmente óculos de grife. Mas o que mais assusta são os medicamentos pirateados. É muito fácil copiar embalagem do medicamento: você vai a uma gráfica e manda reproduzir a embalagem, daí coloca uma cartela de farinha e vende como se fosse o comprimido.

Conjur — Mas falsificar remédio não é apenas um crime de propriedade intelectual?
Juliana Viegas — Aí o problema é mais sério ainda, porque mexe com a vida das pessoas, quer dizer, é uma coisa completamente inaceitável. Trata-se de crime contra a vida, pode provocar lesão corporal.

Conjur — A lei de propriedade intelectual tem um viés penal?
Juliana Viegas — Tem também. Toda a parte de concorrência desleal tem penas, inclusive, de reclusão, de multa. Tem um viés penal também, mas pouco eficaz porque é muito raro que alguém vá para cadeia por causa de pirataria. Como as penas são pequenas e podem ser convertida em prestação de serviço à comunidade e multa, perdem sua eficácia. Há um projeto de lei em Brasília, o PL 333, que pretende aumentar a pena de violação de marcas e patentes para ser a mesma pena da violação de direito do autor, que é de um a dois anos de reclusão. Faz sentido já que o mesmo tipo de crime tem penas diferentes.

Conjur — A senhora acha que o conceito de direito autoral teria de ser modificado diante das possibilidades de reprodução de conteúdos culturais oferecidas pelas novas tecnologias?
Juliana Viegas — A questão tem dois lados: de um lado as pessoas têm direito a ter acesso ao conhecimento, acesso aos livros, acesso a toda parte de entretenimento; por outro lado os autores têm que ter a devida remuneração pela sua criação. A antiga Lei de direitos autorais permitia a reprodução, por exemplo, de uma obra protegida, em um exemplar para uso próprio não para vender. A nova lei, a Lei 9.610, diz que é possível reproduzir apenas pequenos trechos de uma obra, mas define o que sejam "pequenos trechos".

Conjur — Pode ser um parágrafo ou um capítulo?
Juliana Viegas — Antigamente os professores universitários tinham o que eles chamavam de "pasta do professor" com cópias dos trechos que deveriam ser lidos pelos alunos. Acontece que se eu fosse autor de um daqueles livros, eu diria: 'Ninguém está comprando os meus livros, está todo mundo xerocopiando. E para onde é que vão meus direitos de autor?' A nova lei quis resolver isso, mas há a questão de existirem alunos que não tem possibilidade material de comprar livros, porque às vezes são livros caros. Qual é o meio termo ai entre o interesse do autor dos livros e a necessidade didática dos alunos?

Conjur — Ma a reprodução de música na internet, por exemplo, não pode ser tratada hoje da mesma maneira que era tratada no tempo do disco de vinil.
Juliana Viegas — É verdade. Essa questão da internet, do acesso à informação, do acesso à música é uma coisa que mudou completamente os paradigmas. É um assunto preocupante, mas também fascinante, se pegarmos como exemplo o Pirate Bay, que até criou o Partido Pirata, na Suécia. Eles pregam abertura total e desprotegida das obras protegidas, porque acham que na sociedade da informação todo mundo tem que ter acesso a tudo. E como é que fica? Tem de ter um certo equilíbrio.

Conjur — Qual seria o modelo?
Juliana Viegas — Há alguns modelos sendo estudados como o de Laurence Lessig, professor da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, que criou o Creative Commons. É um programa que não inovou do ponto de vista legal porque ele só criou modelos que podem ser adaptados tanto à nossa legislação como às regras de copyrigth americanas. No Creative Commons, um autor pode disponibilizar a sua obra a partir de determinados padrões de contratos. O autor tem a opção de fechar a obra totalmente ou abrir parcialmente. O Gilberto Gil, por exemplo, abriu uma das músicas dele utilizando este programa. Outra forma seria utilizar meios técnicos para evitar que uma obra seja aberta na internet, mas que possa ser vendida por meio de um pagamento muito mais baixo do que em uma loja física.

Conjur — O Brasil é o quinto país no ranking de número de pedidos de registro de marca no mundo. O que isso significa?
Juliana Viegas — Significa que a economia brasileira está crescendo. O Brasil é um dos países mais promissores entre os Brics [Brasil, Rússia, Índia e China]. É um sintoma de que as empresas brasileiras estão começando a exportar. Mas se o Brasil está bem em matéria de marca, ele está muito mal em matéria de patente. O número de patentes no Brasil não está crescendo na mesma proporção, por exemplo, de China, Coréia, Índia, Malásia, Tailândia e outros países da Ásia. Se o Brasil investisse em inovação, o número de patentes teria que aumentar radicalmente.

Conjur — Isso quer dizer que o país não está investindo em tecnologia?
Juliana Viegas — No Brasil, ao contrário da maioria dos países em desenvolvimento, o grande número de pesquisadores, de cientistas, de pessoal com nível superior está nas universidades, não nas empresas privadas. Quando você faz opção por carreira acadêmica, para progredir é preciso publicar e por isso o estudioso acaba desistindo da patente. Para patentear o produto tem que ter novidade, não pode ter sido divulgado. Essa prática está começando a mudar com a lei de inovação, regulamentada em 2005. As universidades estão criando os seus NIT’s que são os Núcleos de Inovação Tecnológica, que na verdade nada mais são do que escritórios de gerenciamento de propriedade intelectual da universidade. E os NIT’s estão começando a mudar a mentalidade acadêmica no sentido de dizer: “Gente, vamos patentear, depois de patentear vocês podem publicar à vontade, mas não publiquem antes senão vocês matam a patente.”

Conjur — Mas é preciso aguardar a avaliação do INPI para poder publicar a ideia?
Juliana Viegas — Não. A publicação pode ser feita logo após o depósito da patente no INPI. Ainda assim, o fato de o INPI levar tanto tempo para registrar desestimula. Prefere-se ter um reconhecimento acadêmico a aguardar anos pela patente. Mas há boas notícias. Por exemplo, o XII Encontro Nacional da Repict – Rede de Propriedade Intelectual, Cooperação, Negociação e Comercialização de Tecnologia, no Rio, tinha mais de 400 pessoas na sala, estava lotado. O fato deste tipo de evento estar atraindo as universidades mostra que essas instituições estão começando a se dar conta que podem receber receita desses licenciamentos. Isso é bom para universidade, é bom para todo mundo, é bom para o pesquisador que recebe uma parte daquela receita. Mas tem que mexer no bolso. Basta que um professor titular receba um milhão de reais por uma invenção que ele patenteou, para os outros se darem conta.

ConJur — O que faz a ABPI?
Juliana Viegas - A ABPI foi criada há 46 anos, em 1963. Sua função e estudar a propriedade intelectual em profundidade e divulgar esse conhecimento por meio de eventos e publicações. Trblhamso também informação que possa influenciar a legislação e contribuir na produção de projetos de lei. Temos publicações impressas e eletrônicas, com espaço para artigos, comentários, eventos e notícias. Temos 13 comissões de estudo que se dedicam a temas específicos, como marcas, patentes, transferência de tecnologia e franquias, direito autoral. A de direito esportivo é uma das mais recentes. Cada comissão promove pelo menos um seminário por ano. Chamamos representantes do governo e da indústria para discutir temas em profundidade.

ConJur — Quem faz parte da ABPI?
Juliana Viegas — Somos 660 associados, na maioria absoluta advogados e agentes que trabalham com a propriedade intelectual. Grandes empresas detentoras de patentes e bens de propriedade intelectual, como a Microsoft e a Unilever, estão entre os associados.

ConJur — Qual o efeito prático da atuação da ABPI?
Juliana Viegas — O que se discute em encontros e seminários costuma a influenciar as decisões do INPI. Na reunião que tratamos das licenças de softwares, chamamos a diretora do INPI, uma vez que o instituto tem de aprovar alguns tipos de contratos. Discutimos sobre quais contratos ficam sujeitos ao INPI e quais não. Na ocasião, a representante do governo se convenceu da nossa posição e informou que pretendia renovar a resolução interna para acatar a nossa posição. E renovou mesmo. Ou seja, conseguimos através de um seminário, influenciar a cultura do governo.

ConJur — E quais são os contratos que não vão precisar da interferência do INPI?
Juliana Viegas — Os que não precisam claramente da interferência do INPI são os contratos de simples e pura aquisição de software. Também não precisam os contratos de serviço, quando um sistema precisa ser adaptado às necessidades do cliente, por exemplo. A dúvida estava nos contrato em que a empresa de software dá para o tomador do serviço o código fonte do software. Por exemplo, empresas grandes como a Petrobras, o Banco do Brasil, fazem um contrato com uma empresa pequena de software. O medo da Petrobras é que a empresa feche e ela perca o código-fonte, ficando sem o direito de manipular o software. Nesses casos, há a prática do depósito desse código-fonte em um banco ou uma empresa de auditoria, que pode liberar a informação caso a pequena empresa entre em falência, por exemplo. Na nossa visão, não seria necessário averbar esse tipo de contrato, porque é uma simples licença de software. O INPI se convenceu da nossa posição e soltou uma resolução interna dizendo que nesses casos, mesmo que haja a disponibilização do código-fonte, o contrato não fica sujeito ao INPI. Foi uma grande vitória.

ConJur — Chegou a hora da propriedade intelectual ?
Juliana Viegas — Trabalho há 40 anos nessa área e só vi aumentar a importância da propriedade intelectual. Antigamente, uma empresa era considerada forte e sólida por suas máquinas, equipamentos e fábricas. Hoje, existem empresas valiosíssimas que não têm fábrica nenhuma, mas têm design, tecnologia, além de suas marcas, que podem valer bilhões de dólares. A Nike, que é uma das maiores empresas do mundo, não fabrica nada, é tudo terceirizado. O seu valor é sua marca, sua tecnologia, design e conhecimento. O patrimônio físico dela é insignificante perto do patrimônio intelectual que ela tem.

ConJur — O Brasil está inserido nessa tendência ?
Juliana Viegas — Com a Lei de Inovação, o governo está se dando conta que conhecimento e tecnologia têm um enorme valor e o Brasil tem um enorme potencial, principalmente nas áreas de biotecnologia e combustíveis biológicos. O País está percebendo que tem de valorizar a tecnologia, a propriedade intelectual e protegê-las por meio das patentes.

Conjur — A legislação brasileira atende às necessidades da propriedade intelectual?
Juliana Viegas — A Lei de Propriedade Industrial [Lei 9279/1996] é moderna, cumpre inclusive com os tratados internacionais, está entre as melhores do mundo. O problema do Brasil está na execução da lei seja por parte do judiciário e do executivo, no caso o INPI, que está melhorando, mas ainda é um pequeno desastre. Hoje mesmo estava trabalhando em um contrato de licença de patentes. Essa patente foi depositada no Brasil em 1999, exatamente há 10 anos e ainda nem foi examinada. Quando procuramos o INPI, ouvimos que isso é normal, que eles estão começando agora a examinar os pedidos de 99 e que nos casos de biotecnologia costuma demorar mais ainda, pois se trata de um tema complexo. Uma marca já chegou a levar seis anos para ser examinada. É fácil imaginar que uma tecnologia de 12 anos atrás, com certeza, já está obsoleta.

Conjur — Quais são as consequências dessa demora?
Juliana Viegas — Gera uma insegurança jurídica muito grande, porque enquanto a patente não é concedida há apenas uma expectativa de direito. Pode-se conseguir a patente ou não. O conhecimento trancado na gaveta não vale nada. O que tem valor é o conhecimento colocado no mercado, que é licenciado para uso. Se licencio a minha patente e ela não foi concedida ainda, não posso cobrar royalties. A lei permite o pagamento de direitos a partir da data da assinatura do contrato, mas a empresa não recebe o pagamento até que a patente seja concedida. Com isso, a empresa vai acumulando, provisionando os royalties na sua contabilidade e essa espera pode durar mais de dez anos. Já no caso de marcas, não há possibilidade de receber royalties retroativamente, só posso receber os direitos depois do registro no INPI.

Conjur — Por que essa diferença?
Juliana Viegas — A patente tem valor técnico desde sua concepção. Mesmo que a licença ainda não tenha sido concedida, você já está dando valor para o licenciado. Já a marca, enquanto não for registrada ela não existe. A nova lei de propriedade intelectual, de 1996, dá um período de seis meses de proteção, mas é uma proteção pequena e se você não depositar no prazo, acaba perdendo seus direitos. É por isso que atraso do INPI causa tanta insegurança jurídica.

Conjur — E qual a justificativa par o atraso?
Juliana Viegas — Eles dizem que falta pessoal, falta verba. De fato, o INPI perdeu muito pessoal. Há 8 ou 10 anos atrás, o INPI tinha mais de 1.200 funcionários. Este número chegou a 600. Perderam gente porque pagavam pouco para um pessoal altamente qualificado. São engenheiros, químicos, biólogos, todos com pós-graduação.Enquanto reduzia o número de funcionários, o número de patentes e marcas depositadas ia aumentando, justamente porque a propriedade intelectual está ficando mais importante.

Conjur — Foi por isso que o Brasil não aderiu ao Protocolo de Madri?
Juliana Viegas — Até pouco tempo atrás, quando o INPI estava naquela situação desastrosa, éramos contrários à adesão ao Protocolo de Madri. Como o Brasil iria aderir a um tratado internacional que depende de prazos muito rígidos se o INPI não cosneguia cumprir os prazos nem para o registro de marcas internas? Se o Brasil se tornar membro do protocolo de Madri, eu posso pedir para Genebra, que gerencia o protocolo, o registro internacional da minha marca nos países que eu indicar. Aí Genebra dá ao INPI um prazo de 12 ou 18 meses. Nesse prazo, o INPI vai ter que dizer se a marca é registrável no Brasil ou se ela tem algum tipo de problema. Quando se começou a falar do protocolo de Madri, o INPI levava seis anos para registrar uma marca no Brasil. Como o Brasil iria se comprometer perante Genebra? Agora o INPI começa a acelerar o estudo de marcas e enxergo a possibilidade de o Brasil entrar no protocolo sem fazer papelão.

Conjur — Quais as razões para aderir ao protocolo?
Juliana Viegas — Se o INPI tiver condições de cumprir os prazos exigidos, o Protocolo de Madrid é favorável às empresas brasileiras, pois será possível proteger uma marca em vários países, nos mercados de exportação. Em 2002, emitimos um parecer claramente contrário ao Protocolo. Agora, estamos começando a rever a posição: temos que tomar certas precauções, mas já existe uma certa boa vontade de aceitar o protocolo.

Conjur — E isso deve resultar em uma nova resolução?
Juliana Viegas — Provavelmente sim. Vamos rever aquela resolução de 2002 e chegar a uma nova posição. O resultado deve ser, mais ou menos, o que discutimos no último Seminário, no Rio de Janeiro. (Clique aqui para ler mais).

Conjur — O que o Direito Esportivo tem a ver propriedade intelectual?
Juliana Viegas — Essa área trata das marcas dos grandes clubes e de toda parte de eventos. Uma questão bastante discutida hoje é a do ambush marketing ou Marketing de emboscada, que afeta a área do Direito de Entretenimento em geral . Há dois anos, a banda Rolling Stones fez um show gratuito, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, com patrocínio de uma grande empresa, que investiu mais de US$ 2 milhões no evento. Acontece que uma outra empresa, uma operadora de celular, comprou uma bola muito grande com o logo dela e jogou no meio da multidão. Essa bola ficou quicando sobre a platéia e ganhou uma grande visibilidade na transmissão televisiva do show. Isso é um aproveitamento parasitário de um evento. Como teremos no Brsil a Copa do Mundo de Futebol em 2014, a Copa das confederações em 2013, e ainda poderemos ter a Olímpiada no Rio de Janeiro em 2016, entidades como a CBF, a Fifa, o Comitê Olímpico estão preocupados com o tratamento do ambush marketing no Brasil. O que o Brasil vai fazer para impedir que marcas de empresas que não são patrocinadoras apareçam nos eventos?
Fonte:http://www.conjur.com.br/2009-set-27/juliana-viegas-presidente-associacao-propriedade-intelectual
Por Fabiana Schiavon

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

REPICT analisa estratégias de PI nas MPEs

Entre os pequenos e microempresários a propriedade intelectual deve ser desmistificada e associada a um efeito mais incentivador do que defensivo. Tendo esta estratégia como eixo de atuação, o INPI quer alcançar nas empresas o mesmo resultado já obtido em relação aos Núcleos de Inovação Tecnológico, todos devidamente treinados por profissionais do INPI. Neste sentido, a análise da experiência internacional, apresentada por representes do Chile e Coréia no REPICT pode dar subsídios à atuação brasileira.


Palestras e debates sobre as ações relacionadas à propriedade intelectual nas micro e pequenas empresas marcaram o primeiro dia do 12º encontro da REPICT (Rede de Propriedade Intelectual, Cooperação, Negociação e Comercialização de Tecnologia). O evento que acontece hoje e amanhã (10 e 11 de setembro) no Rio de Janeiro é realizado em parceria entre a Rede de Tecnologia, o INPI e a Organização Mundial da Propriedade Intelectual.

As palestras foram apresentadas por Belfor Portilla (engenheiro agrônomo da Universidade do Chile) e Jinseok Park (coreano, advogado de patentes licenciadas). Dos debates participaram, além dos representes do Chile e da Coréia, Alejandro Roca (Ompi) o diretor de articulação do INPI, Sérgio Paulino, e Edson Fermann, do Sebrae Nacional.

Dia 11 de setembro, o evento abre com palestra de João Marcelo de Lima Assafim, doutor em Direito da USP que irá analisar aspectos contratuais e concorrências da propriedade intelectual e a transferência de tecnologia no Brasil.

Projeto Eureka - Embreve no ar

http://www.projetoeureka.com.br/

Projeto Eureka - Em breve no ar

http://www.projetoeureka.com.br/

FINEP lança Prêmio Inovar no dia 28 de setembro


A FINEP vai lançar no dia 28 de setembro, em São Paulo, mais uma ação de estímulo à promoção da excelência na gestão de fundos de capital empreendedor: o Prêmio INOVAR 2009. A iniciativa é um reconhecimento aos esforços de empresas gestoras de fundos de seed, venture capital e private equity, além dos profissionais dessa indústria atuantes no Brasil. O Prêmio conta com o apoio institucional dos Investidores Parceiros Inovar, do jornal Valor Econômico, da revista Valor Financeiro e da ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital), com patrocínio do Fumin/BID. A entrega do troféu aos primeiros colocados ocorrerá no início de dezembro.

São três as categorias: Governança, Equipe e Operação. Estão aptas a participar empresas gestoras de fundos, constituídos, no mínimo, há dois anos, segundo as instruções CVM 209 ou 391, e que sejam não-proprietários e não-exclusivos, ou seja, possuam mais de uma empresa na carteira de investimentos. "O capital empreendedor no Brasil é hoje uma realidade em franco crescimento. Nada melhor do que reconhecer os esforços de quem movimenta esta indústria”, diz Patricia Freitas, superintendente da Área de Investimentos da FINEP.

As inscrições vão de 23 de setembro a 13 de novembro e os interessados devem responder a um formulário, que estará disponível a partir do primeiro dia de inscrição, no seguinte endereço: www.finep.gov.br/premioinovar. As respostas deverão ser enviadas em um único arquivo no formato pdf para o e-mail premioinovar@finep.gov.br, respeitando o limite de três megabytes por arquivo. As firmas gestoras poderão realizar mais de uma inscrição nas categorias Governança e Equipe para diferentes fundos em atividade, e na categoria Operação para diferentes formas de investimento e desinvestimento em uma empresa, realizadas por um mesmo fundo ou por fundos diversos. Em todos os casos, existe a necessidade de envio de arquivos individuais para cada inscrição.

A comissão organizadora do Prêmio INOVAR 2009 realizará uma pré-qualificação de todas as propostas inscritas, com caráter eliminatório. Nesta etapa, serão verificados o envio correto do arquivo e as respostas completas a todas as perguntas do questionário de inscrição, bem como o atendimento às condições de participação.

As propostas pré-qualificadas serão avaliadas nos dias 25 e 26 de novembro por uma comissão julgadora composta por dois representantes da FINEP, um representante de cada um dos Investidores Parceiros Inovar, um representante do Jornal Valor Econômico e dois representantes externos convidados, com ampla experiência na indústria de venture capital e private equity.


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Eureka participa do Edital FAPERJ Apoio a Inovação

Eureka participa do edita FAPERJ 11/2009, onde submeteu o projeto com o titulo: DESENVOLVIMENTO DE UM PORTAL QUE FUNCIONARÁ COMO UMA REDE SOCIAL COM O PROPÓSITO DE CONECTAR EMPRESAS E O MEIO ACADÊMICO PARA CRIAÇÃO DE CONTEÚDO SOBRE NOVAS TECNOLOGIAS.

O projeto foi desenvolvido com apoio do SEBRAE-RJ por intermédio do programa PAEF Programa de Apoio aos Editais de Financiamento. Graças ao Programa recebemos toda a acessória necessária para adaptar nosso plano de negócios ao modelo de proposta da FAPERJ. O consultor que orientou a adaptação do projeto foi o Sergio Dias que é consultor de empresas nas áreas de tecnologia da informação, planejamento estratégico, comercial, marketing e negócios. Atuação nas áreas de informática e telecomunicações desde 1961.

Outra força importante para o projeto é o fato de estar incubado no núcleo de empreendedorismo da Universidade Veiga de Almeida, que alem das consultorias subsidiadas da um maior peso institucional a iniciativa.

A equipe eureka esta muito otimista quanto a sua aprovação. Conto novamente com a torcida de todos.

Apoio à Inovação Tecnológica: 433 inscritos

A direção da FAPERJ divulgou nesta segunda-feira, 21 de setembro, o balanço das inscrições no edital de Apoio à Inovação Tecnológica no Estado do Rio de Janeiro – 2009. Foram contabilizadas por meio do Sistema inFAPERJ a inscrição de 433 projetos de todas as micro-regiões geográficas do estado do Rio de Janeiro.

O programa de Apoio à Inovação Tecnológica no Estado do Rio de Janeiro destina-se a fomentar projetos que resultem em novos produtos, processos ou serviços, ou ainda que introduzam novidades ou aperfeiçoamentos ao ambiente produtivo ou social em áreas de interesse para o desenvolvimento socioeconômico do estado do Rio de Janeiro, como aeroespacial, agropecuária, aquicultura, biocombustíveis, biodiversidade, biotecnologia, design, energias alternativas, energia nuclear, medicina regenerativa, meio ambiente, nanotecnologia, naval, petróleo e gás, robótica, rochas ornamentais, saúde, segurança pública e defesa, siderurgia, tecnologia da informação, tecnologia de comunicação, TV digital e outras.

A versão impressa dos projetos deve ser entregue, impreterivelmente, até às 17 horas de sexta-feira, dia 25 de setembro, no protocolo da FAPERJ (Av. Erasmo Braga, 118 – 6º andar). A divulgação preliminar dos resultados deverá ocorrer a partir de 22 de outubro, e a entrega da documentação para comprovação da regularidade fiscal, econômico-financeira e jurídica até o dia 6 de novembro. O anúncio dos resultados finais está previsto para acontecer a partir de 19 de novembro.

Confira, abaixo, a íntegra do edital:

Apoio à Inovação Tecnológica no Estado do Rio de Janeiro – 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O negócio dele é arrumar a confusão


Gustavo Caetano criou a Samba Tech para vender jogos de celular. Hoje sua empresa fatura 10 milhões de reais ao ano administrando a distribuição de vídeos de grandes clientes


Portal EXAME -

Gustavo Caetano, de 27 anos, não é um grande entendido de tecnologias de servidores, tráfego de dados e redes compartilhadas -- ele é formado em marketing. Mas é sua uma das empresas que mais crescem no país entre os novíssimos empreendimentos na área de tecnologia. Fundada por Caetano há apenas cinco anos, a mineira Samba Tech gerencia para os clientes todo o processo de transmissão e armazenamento de seus vídeos pela internet. "Somos uma espécie de empresa de logística que leva cargas digitais", diz Caetano. Com essa proposta, a Samba Tech deve atingir receitas de 10 milhões de reais neste ano.

Caetano fundou a Samba Tech para vender joguinhos eletrônicos a operadoras de celular. Mudou o rumo mais recentemente ao perceber que muitas empresas que utilizam vídeos na internet para se comunicar com clientes ou parceiros comerciais estão com dificuldades cada vez maiores para lidar com o gerenciamento de conteúdos em diferentes plataformas.

Grandes empresas nessa situação, como a rede de franquias O Boticário e o canal SBT, contrataram a Samba Tech para ajudá-las a se organizar. É preciso converter imagens para formatos eletrônicos compatíveis com a intranet da empresa e com o YouTube? A Samba Tech providencia. Falta memória na infraestrutura para arquivar todo o acervo? A Samba Tech arruma um servidor em alguma parte do mundo e transfere para lá o conteúdo, que será administrado a distância.

A Samba Tech resolveu um problema que estava dando muita dor de cabeça aos executivos do Boticário. A cada lançamento, a empresa coloca na sua TV corporativa -- que funciona na extranet -- um vídeo demonstrativo com instruções sobre o novo produto. Mas o sistema frequentemente não funcionava direito. "Bastava que muitos lojistas quisessem assistir ao vídeo simultaneamente para travar tudo", diz Renato Vertemati, coordenador de marketing de O Boticário. Desde que a Samba Tech passou a hospedar os filmes em servidores terceirizados que podem estar até nos Estados Unidos, a TV Boticário é acessada por centenas de franqueados ao mesmo tempo, sem nem correr o risco de lentidão.

No caso do SBT, o problema era outro. Como o canal produz novos programas num ritmo muito mais rápido do que aumenta sua capacidade de armazenamento, a programação completa não podia ser colocada de uma só vez na internet. Agora, a Samba Tech providencia continuamente servidores terceirizados que armazenam o conteúdo do SBT à medida que é produzido. "Passamos a ter acesso a servidores potentes sem precisar comprar nenhum nem ficar entendendo como funciona esse mercado", diz Nelson Carpinelli, gerente de tecnologia de informação da emissora. "Hoje, toda a nossa programação está disponível na internet."

Esse modelo de negócios, que depende muito mais de compreender o problema do cliente e dar uma solução rápida do que fazer investimentos cada vez maiores em enormes estruturas tecnológicas, atraiu investidores. No final de 2008, o fundo de investimento FIR Capital, de Minas Gerais, aportou 4,7 milhões de reais no negócio. "O grande trunfo da Samba Tech é descomplicar", diz Marcus Regueira, sócio do FIR Capital.

Caetano e seus sócios capitalistas estão animados com a possibilidade de fazer a Samba Tech crescer muito depressa. O vídeo em formato eletrônico está se popularizando numa velocidade extraordinária conforme aumenta o acesso à internet banda larga no mundo todo. Em 2011, o tráfego de dados mundial gerado por esse tipo de arquivo deverá ser cinco vezes maior que o registrado em 2007, segundo estimativa da fabricante americana de roteadores Cisco.

Boa parte desse movimento deverá vir de empresas, pessoas e instituições que não estavam acostumadas a ver o vídeo como uma importante forma de expressão ao alcance delas. Foi o caso do Clube Atlético Mineiro. Com a ajuda da Samba Tech, o Atlético criou uma programação de vídeo para ser vista na internet pelos torcedores do time de futebol. Há cinco meses no ar, a TV Galo veicula os gols da rodada, imagens dos treinos, da concentração e de entrevistas às quais só o clube tem acesso. "Antes, colocávamos esse material no YouTube", diz Emmerson Maurílio, gerente de multimídia do Atlético Mineiro. "Mas não era possível organizar os filmes de forma eficiente." A Samba Tech concentrou todos os vídeos da TV Galo num único lugar. Depois, foi montada uma grade de programação que inclui até a venda de espaços publicitários, como num canal aberto de televisão.

Oito dicas para você vender bem os seus projetos

Abandonar a prática de enviar currículo, não ter mais chefe e trabalhar menos. Essas são algumas das razões que levam muitos profissionais a optar pelo caminho do empreendedorismo. Mas quem já conquistou esse sonho provavelmente já percebeu que a realidade é outra. Seu chefe é seu cliente, seu currículo é o portfólio da empresa e, lamentamos informar, mas você vai trabalhar muito mais do que qualquer um de seus colaboradores.

Uma das coisas que os empreendedores de primeira viagem acabam demorando a descobrir é que não basta ser um ótimo profissional, criativo e cheio de ideias. Convencer e atrair possíveis parceiros e investidores é tão importante quanto. Em outras palavras, é preciso saber vender. O consultor José Miguel Chaddad, por exemplo, dá um conselho: quando for levar algum projeto a um possível investidor ou parceiro, leve-o pronto. “Toda vez que eu levei só a ideia, a coisa não andou”, disse ele ao Faça Diferente, blog do Sebrae. “Então, eu diria que é preciso fazer o protótipo, levar e mostrar que não é apenas um monte de palavras no papel.”

José Antônio Rosa, professor de pós-graduação em Administração no Instituto Nacional de Pós-Graduação e consultor da Manager Assessoria em Recursos Humanos, vai mais longe: “Vender é necessário, mas não suficiente. É necessário vender bem”, disse ele em reportagem no site da Manager, na qual lista oito recomendações para vender um projeto.

As oito dicas

1. Planejamento: Vender para quem, com que argumento, quando e como? É importante planejar isso com atenção e zelo, pois um bom plano faz a diferença.

2. Preparação: Um bom texto, se for ocaso, slides, objetos de demonstração, ambiente – tudo isso faz parte de uma boa preparação de vendas.

3. Persistência: A pessoa que não comprou hoje pode comprar amanhã. Ou se não se conseguiu vender com cinco visitas, com dez a probabilidade. Se fosse fácil, todos teriam sucesso. É preciso persistir.

4. Argumentação: Bons argumentos, baseados na motivação do cliente e não nas qualidades do projeto, são necessários. Reflita suficientemente para criá-los.

5. Apoio: Permita que outros contribuam para o projeto e conte com o apoio deles, que tudo será mais fácil.

6. Paixão: O autor do projeto tem de ser o primeiro a aprová-lo. Colocar um toque de paixão é o caminho para contagiar os outros. Como apaixonar-se pelo próprio projeto? Fazendo-o o mais bem feito possível.

7. Coragem: “Aquela empresa é muito grande ou muito organizada e não vai comprar” – eis o raciocínio conservador e medroso que limita as chances de um projeto. Coragem e ousadia nunca atrapalham. No máximo, pode-se ouvir um não.

8. Influência: O potencial patrocinador pode desejar o projeto e hesitar ao mesmo tempo. É preciso ajudá-lo a decidir. Sem pressões exageradas, peça que ele aposte no projeto. Influencie sua decisão. Ele vai sentir mais firmeza e segurança de sua parte.

Problema comum

A dificuldade de lidar com o seu lado “vendedor” é um problema mais comum do que possa parecer. “Isso foi detectado há muitos anos, mesmo nas incubadoras de base tecnológica”, exemplifica Chaddad. “As empresas iam muito bem enquanto domínio do conhecimento, enquanto fabricar, obter um produto”, conta. “Mas quando ela ia para o mercado, era um desastre: não sabiam dizer qual era a extensão do seu mercado nem que planos de vendas tinham ou a sua estrutura.”

Tags: dicas, parceria, projetos, vendas

Fonte: http://www.blogdosempreendedores.com.br/2009/09/21/oito-dicas-para-voce-vender-bem-seus-projetos/

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Dicas para conquistar investidores

A falta de dinheiro para investir em inovação e tecnologia é um dos principais empecilhos encontrados pelos empreendedores que desejam tornar suas empresas mais modernas e competitivas. O programa de rádio de hoje (14), o Faça Diferente começou com a participação de um empresário da área de nanotecnologia, que pergunta como o Sebrae pode lhe auxiliar a atrair investidores para o seu negócio. O consultor José Miguel Chaddad orienta os ouvintes a fazer um bom plano de negócios e a investir em um protótipo do produto – em ambas as fases é possível pedir o auxílio de consultores do Sebrae.


Uma das principais fontes de recursos dos empresários inovadores é a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência e da Tecnologia. A instituição está sempre lançando chamadas públicas para beneficiar, com recursos públicos, empresas que querem se modernizar e contribuir para o crescimento da economia do país. Existem, basicamente, três modalidades de recursos: reembolsáveis, não-reembolsáveis e empréstimos sem juros. Os editais mais cobiçados são os de subvenção, que oferecem recursos não-reembolsáveis. Empresas de todos os portes podem concorrer a esses editais, o que diminui as chances de micro e pequenas empresas serem beneficiadas.

No entanto, existe um tipo de edital específico para as micro e pequenas empresas, que é fruto da parceria entre a Finep e o Sebrae. A financiadora subsidia 50% dos recursos e o Sebrae se responsabiliza pela outra metade. Para responder às chamadas públicas, é necessário que o empresário trabalhe junto a uma instituição tecnológica sem fins lucrativos, que pode ser uma universidade ou um centro de pesquisa. Essas entidades ficarão responsáveis por colocar o projeto em prática e, posteriormente, implantar a tecnologia nas empresas. É necessário que a proposta seja apresentada por pelo menos três empresas, que podem receber até quinhentos mil reais para custear a pesquisa. O recurso é repassado à conta do centro tecnológico, que faz a intermediação entre os empreendedores e a Finep.

Você, empresário, também pode pesquisar os editais lançados pelas fundações estaduais de amparo à pesquisa. As chamadas públicas nem sempre oferecem recursos não-reembolsáveis. Por isso, é preciso estar atento às informações divulgadas nos sites das instituições. Nesse caso, metade do valor dos recursos é financiada pela Finep e os 50% restantes ficam a cargo das fundações. Os editais beneficiam micro e pequenas empresas, que recebem diretamente a verba. Não há, portanto, a necessidade da intermediação feita por uma instituição tecnológica. Até quinhentos mil reais são disponibilizados para investimento em pesquisa relacionada à tecnologia e à inovação.

Investidores privados
Se a sua equipe está desenvolvendo produtos originais na área de tecnologia, você, empreendedor, também deve procurar empresas privadas de investimento. Esses investidores trabalham com gestão de fundos de participação e apostam em negócios promissores. Nesse caso, a empresa investidora libera valor entre R$ 500 mil e R$ 8 milhões para que o dono da ideia toque a empreitada. Em contrapartida, a fonte de recursos torna-se sócia da empresa por alguns anos.

Geralmente os proprietários de pequenos negócios que recorrem a essas empresas possuem um projeto start up. Ou seja, um de plano negócios que detalha como desenvolver o produto, a demanda do mercado para a mercadoria, a movimentação financeira que a produção poderia gerar, etc. Outros empreendedores que já concluíram da fase do start up e passam a testar protótipos no mercado. Esses empresários possuem ainda mais chance de receber financiamentos, tendo em vista que o potencial de sucesso pode ser comprovado a partir do modelo de produto ou serviço já disponível aos consumidores.

Critérios para obtenção dos recursos
Tanto no caso da Finep quanto no caso das empresas de investimento, é fundamental que o empresário interessado nos recursos apresente um detalhado e bem fundamentado plano de negócios. O documento deve apresentar detalhes de funcionamento do produto ou serviço, materiais utilizados na fabricação, custos de fabricação e manutenção, perspectiva de contratação de funcionários, características e número estimado dos consumidores interessados, meios que o candidato dispõe para atingir a meta proposta, etc.

Essas instituições também analisam o perfil da empresa interessada e das pessoas que estão no comando do empreendimento. Avaliam, por exemplo, a formação técnica dos empreendedores e os sucessos já obtidos por eles. Os tributos e as demais contas do negócio também devem estar em dia. O mais importante é que tanto a Finep quanto os investidores privados percebam que o dinheiro depositado na empreitada será bem empregado, gerando avanços tecnológicos e progresso do empreendimento.

Você, empresário, pode ir ao escritório do Sebrae da sua cidade e pedir o auxílio dos nossos consultores para elaborar um plano de negócios. Dessa forma, as chances de que sua empresa seja escolhida pela Finep ou por investidores privados aumenta consideravelmente. Dedique-se a essa ideia e aposte no seu talento. Se você já avaliou que seu produto ou serviço na área de tecnologia pode se tornar um grande sucesso de mercado, seja persistente e convença os detentores de recursos a embarcar no seu projeto.

Saiba mais
Site da Inovação

Apoio à inovação é definido como prioridade estratégica para o BNDES

O apoio à inovação é definido como prioridade estratégica para o BNDES, devido, principalmente, ao seu caráter fundamental no aumento de produtividade e competitividade das empresas e na criação de riqueza para o Brasil. O objetivo do Banco é contribuir para o aumento das atividades inovativas no país e para a sua realização em caráter sistemático. Para isso, o BNDES busca financiar projetos de investimento associados à formação de capacitações e de ambientes inovadores, visando ao alcance de melhor posicionamento competitivo por parte das empresas.


Em conformidade com os Programas e Políticas Públicas do Governo Federal, na criação das linhas de apoio à inovação, o BNDES estendeu sua aplicação a todos os setores da economia, incluindo aqueles que não costumam ser vistos como inovadores. Buscando atender melhor às necessidades das empresas que pretendem inovar, as linhas de apoio criadas combinam instrumentos financeiros diversos, tanto de renda fixa quanto variável.

Condições Específicas de Apoio

Linhas

As linhas de apoio financeiro têm caráter permanente e podem ser concedidas a qualquer momento. Voltadas especificamente para a inovação, o BNDES oferece as seguintes linhas:

Linha Capital Inovador (Foco na Empresa)Apoio a empresas no desenvolvimento de capacidade para empreender atividades inovativas em caráter sistemático, por meio de investimentos tanto nos capitais intangíveis quanto nos tangíveis, incluindo a implementação de centros de pesquisa e desenvolvimento.

Linha Inovação Tecnológica (Foco no Projeto) Apoio a projetos de inovação de natureza tecnológica que busquem o desenvolvimento de produtos e/ou processos novos ou significativamente aprimorados (pelo menos para o mercado nacional) e que envolvam risco tecnológico e oportunidades de mercado.

Programas

Os programas de apoio financeiro diferem-se das linhas de apoio por possuírem dotação de recursos e/ou prazo de vigência. Atualmente, estão em vigor os seguintes programas:

PRO-AERONÁUTICA
Apoio a investimentos realizados por Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) integrantes da cadeia produtiva da indústria aeronáutica brasileira.

PROFARMA
Financiamento a investimentos de empresas sediadas no Brasil, inseridas no Complexo Industrial da Saúde.

PROSOFT
Apoio ao desenvolvimento da indústria nacional de software e serviços de Tecnologia da Informação (TI) PROTVD Apoio à implementação do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre Fundos.

O BNDES também pode apoiar a inovação por meio dos seguintes Fundos:

Fundo Tecnológico – FUNTEC
Destinado a instituições tecnológicas e de apoio, visa apoiar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação nas seguintes áreas: energias renováveis, meio ambiente, eletrônica, saúde, novos materiais e química.

FUNTTEL - Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações
Apoio a ações que visem ampliar a competitividade da indústria brasileira de telecomunicações.

Programa CRIATEC
Fundo de capital semente que tem como objetivo a capitalização de micro e pequenas empresas inovadoras

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Só é rico quem arrisca, investe e empreende

Robert Kiyosak, autor do livro Pai Rico, Pai Pobre e outros catorze títulos, está no Brasil pela primeira vez, dia 17 de setembro. Kiyosak vendeu mais de 20 milhões de exemplares de Pai Rico, Pai Pobre em todo o mundo. Ali ele conta como são diferentes seus dois pais: o verdadeiro, professor, e o “adotivo”, pai de um amigo, um empresário que lhe ensinou a ganhar dinheiro, a investir, arriscar.

Ao observar os dois pais, Kiyosak constatou que, como funcionário, você dificilmente será rico. E que para ser rico, terá que ser dono do próprio nariz. Ele diz isso baseado na simples constatação de que, sendo funcionário, a pessoa recebe seu salário, tem os impostos descontados e é obrigado a viver com o que sobra. Como empresa, recebe-se, gasta-se e só paga-se impostos, calculados sobre o lucro, ou seja, sobre o que sobrou.

Portanto, se você tem ambições em relação a dinheiro, melhor arregaçar as mangas e batalhar pelo negócio próprio. E a aprender a investir e a correr riscos, tema principal discorrido por Kiyosak.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Workshop - Como a pequena empresa pode lucrar com a inovação


Dia 18/09/2009 as 08:30:00
endereço: Rua Ibituruna, 108 - Auditório - Bloco A - 2º andar.




quinta-feira, 10 de setembro de 2009

YouTube ganha 20 horas de vídeos a cada minuto


O YouTube marcou uma nova era na forma de ver vídeos na internet, mas ainda não parece ter chegado ao seu auge. O portal de vídeos do Google acaba de atingir uma marca inédita: a cada minuto, 20 novas horas de vídeo são colocadas no ar por lá.


Em meados de 2007, o índice era de 6 horas por minuto. Em janeiro deste ano, já eram 15 horas por minuto, o que já equivalia a Hollywood lançar 86.000 novos filmes a cada semana. Agora, são 114.000.

“Ainda estamos desenvolvendo novas formas de colocar vídeos no YouTube. Hoje estamos lançando uma nova função que permite gravar uma resposta em vídeo logo depois que alguém assiste a um vídeo”, disse Ryan Junee, gerente de produto do portal, no blog oficial.

Funciona assim: quando o vídeo acaba, um ícone surge para estimular o usuário a responder ao que ele assistiu. Ao clicar no ícone, a webcam é ativada e grava o comnetário. “Isso tornará a experiência ainda mais social”, afirmou Junee.

Agora, a meta do portal é atingir 24 horas, ou seja, um dia de vídeos a cada minuto. Diante do crescimento exibido nos últimos meses, ou melhor, só nos últimos cinco meses, não parece que vai demorar muito.

Facebook atinge a marca de 250 milhões de usuários


Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, anunciou que a rede social atingiu a marca de 250 milhões de usuários. “Para nós, 250 milhões não é apenas um número impressionante, é uma mostra de quantas conexões todos vocês conseguiram estabelecer”, diz ele no blog oficial do Facebook. Criado em 2004, o site de relacionamentos é o maior do mundo.

Na segunda-feira, outra notícia sobre o Facebook ecoou na internet. A empresa russa Digital Sky Technologies fez uma oferta para comprar US$ 100 milhões em ações do Facebook por US$ 14,77 o papel, em um negócio que fixa o valor da maior rede social da internet em cerca de US$ 6,5 bilhões.

Cara a cara com Zuckerberg


A fama de Mark Zuckerberg já ganhou o mundo. Ele criou um site de relacionamentos no seu quarto em Harvard aos 19 anos. Hoje, o Facebook é um fenômeno global que atinge mais de US$ 250 milhões de pessoas e cresce em ritmo espantoso. Zuckerberg deixou de ser o garoto prodígio para assumir o posto de CEO de uma empresa que vale US$ 6,5 bilhões. Mesmo assim, ele mantém o ar de garoto. Chegou para a entrevista a Época NEGÓCIOS com o mesmo visual despojado – camiseta, jeans e tênis – que exibiu nos três dias de visita ao Brasil (VEJA GALERIA DE FOTOS). Por quarenta minutos, na suíte de um hotel de luxo nos Jardins, área nobre de São Paulo, ele falou sobre os planos que tem para a sua rede social. Confira:




Época NEGÓCIOS: Você fala que a internet tem duas direções. Poderia explicar melhor qual é cada uma delas?
ZUCKERBERG: As duas giram em torno do controle sobre a informação disponível na web. Num serviço como o Facebook, são as pessoas que controlam quando, como e quem verá as informações colocadas no perfil. Ao criar um álbum de fotos, você estabelece se seus amigos ou só a sua família poderão vê-lo. Se você mudar de idéia depois, pode mudar essas regras ou tirá-lo do ar. Isso é muito importante. Ter esse nível de controle faz com que as pessoas fiquem confortáveis para compartilhar mais informação. Essa é uma direção. A outra é a da busca. Ao digitar seu nome num buscador, não há como controlar o que será exibido sobre você. Acho que a internet - e o mundo - será melhor se as pessoas tiverem mais controle.

EN: Mas um modelo exclui o outro? Eles não podem conviver?
ZUCKERBERG: Não acho que a internet será apenas um ou o outro. Haverá uma mistura. Mas, antes do surgimento de serviços como o Facebook, não havia muitos meios de controlar a informação. Acredito que serão os serviços que permitem isso que serão adotados cada vez mais.

EN: Isso não coloca o Facebook em rota de colisão com o Google?
ZUCKERBERG: O Facebook é um site. Por isso, é comparado com outros sites como o Google. Mas, com exceção do Orkut, não temos produtos concorrentes. A questão é mais sobre o controle da informação. A nossa filosofia é baseada em controle e provacidade. Essa não é a abordagem do Google.

EN: Essa informação coloca no site é usada para criar propagandas mais direcionadas aos interesses dos usuários. Se alguém gosta de carros, por exemplo, verá anúncios de montadoras. Mas há uma linha tênue entre usar essa informação e abusar dela. Como se equilibra isso?
ZUCKERBERG: Uma coisa a ter em mente é que não compartilhamos essas informações com anunciantes. Se uma companhia quer anunciar no Facebook para pessoas que gostam de suco de laranja e coloca um anúncio direcionado para elas, é o Facebook que mostra a propaganda para as pessoas certas. Quem coloca o anúncio não sabe quem são elas. Essa informação é mantida completamente privada. Só a usamos para mostrar anúncios mais relevantes.

EN: Em meio a uma crise, o Facebook está crescendo e investindo muito dinheiro para isso. Não é uma estratégia arriscada?
ZUCKERBERG: Em crises, muitas companhias tendem a cortar custos, a parar de contratar ou a deixar de fazer coisas que seriam boas para os usuários ao longo prazo. Nós diminuímos algumas coisas, mas ainda estamos tentando crescer para atingir mais pessoas ao redor do mundo. E estamos fazendo isso de forma sustentável. Desde o início do ano, crescemos de 150 milhões de usuários para 250 milhões. A receita também está crescendo muito. Não discutimos resultados financeiros, porque somos uma empresa privada. Mas o faturamento vai crescer 70% neste ano. Estamos muito felizes com isso, porque é algo bastante sólido em uma situação econômica como essa. Daremos lucro a partir de 2010. Quando a crise acabar, teremos a chance de estar em uma ótima posição. Se você olha a historia do Vale do Silício, muitas empresas também fizeram o mesmo. O Google cresceu muito na crise da bolha pontocom. Com a Intel, foi bem parecido. Nos anos 80, Andy Groove, seu CEO, falou para os funcionários: “Todo mundo está desacelerando. Nós vamos arrebentar enquanto isso”. Trata-se de uma estratégia bem comum, na verdade.

EN: Em meio a essa mesma crise, sua companhia recebeu US$ 300 milhões em investimentos. O que faz dela tão especial?
ZUCKERBERG: É uma empresa que cresceu muito rápido. Os investidores valorizam p fato de estarmos indo tão bem em vários paises onde já há grandes redes sociais grandes – e isso inclui o Brasil, onde o número de usuários dobrou nos últimos três meses, para 1,3 milhão de pessoas. Estamos num bom momento. Não sei quão rápido cresceremos e quão bem sucedidos seremos, mas nosso histórico é bom até agora.

EN: O Facebook já enfrentou problemas com a comunidade ao lançar o Beacon, um programa de publicidade que divulgaria automaticamente no perfil cada interação do usuário com marcas. O Beacon foi lançado como padrão, os membros precisavam optar por ficar de fora dele. Isso gerou muitas acusações de invasão de privacidade e um processo movido por um membro da rede social. O Facebook Connect, lançado em julho do ano passado, é um programa optativo que prevê as mesma atualizações automáticas do perfil, mas quando o usuário interage com um site, não com marcas. Podemos dizer que o Connect é resultado de um aprendizado obtido com o Beacon?
ZUCKERBERG: Aprendemos muito nos últimos anos. Mas grande parte dessas reações se é devida ao fato de que as pessoas são muito passionais em relação ao Facebook, e nós estamos sempre lançando novidades e assumindo riscos. É esperado que coisas assim aconteçam. Quando erramos, foi por não termos levado em conta como a questão da privacidade era importante para os usuários. Aprendemos isso e hoje é um grande diferencial em relação à concorrência.

EN: No ano passado, quando o Facebook mudou seus termos de serviço, os usuários protestaram novamente. Os novos termos previam que a companhia poderia manter informações mesmo depois de encerrada as suas contas. Houve uma reação ainda maior porque a comunidade só soube da alteração por meio de um blog. O que aconteceu de errado?
ZUCKERBERG: Foi uma questão de comunicação, um erro não intencional. Quando reclamaram, mudamos rapidamente, em uma ou duas semanas. Se isso era tão importante para as pessoas, pedimos que se manifestassem ao votar os novos termos de serviço, que ainda foram debatidos durante um mês. Foi um processo saudável.

EN: Você acha que a sua companhia está melhorando na comunicação com a sua comunidade?
ZUCKERBERG: Tomara.


EN: Os milhares de aplicativos como jogos e testes usados por membros do Facebook foram criados por outras empresas. Também ficou a cargo dos usuários traduzir o site para idiomas locais. Quanto uma companhia pode relegar a terceiros? ZUCKERBERG: Uma companhia tem que focar no que faz melhor. Para nós, isso significa criar ferramentas para que as pessoas compartilhem informações e fiquem conectadas com amigos e familiares. É melhor criar uma plataforma de desenvolvimento para que outros façam esses programas. Fazê-los não está em nosso DNA. Os melhores exemplos de empresas bem-sucedidas são aquelas que fazem poucas coisas e deixam o resto para a comunidade.


EN: Mas muitas empresas ainda têm medo de perder o controle sobre o processo de inovação.
ZUCKERBERG: Haverá mais inovação com um milhão de desenvolvedores tentando criar programas do que só com uma centena de pessoas fazendo isso no Facebook. Por um lado, abrimos mão do controle sobre o que é feito. O lado bom disso é que muito mais coisas são criadas. Inova-se mais assim.

EN: Você é apontado como um ótimo programador de software. O código do Facebook foi feito inicialmente por você. Mas hoje você diz que cuida mais disso. Qual o seu papel na empresa?
ZUCKEBERG: Eu lidero todo o desenvolvimento de produto e a parte técnica. Realmente não programo mais nada para o Facebook. Às vezes conserto alguns erros, mas programar virou diversão de fim de semana para me manter afiado. Quando criou alguma coisa, são pequenas ferramentas para ajudar a analisar os dados que coletamos e ter uma idéia melhor do que esta acontecendo com os usuários.

EN: Mas qual o seu grau de envolvimento com a parte de negócios?
ZUCKERBERG: No Facebook, não há uma divisão clara entre a parte de negócios e a técnica. Não tem como eu não me envolver com esse lado de negocio da companhia. Criar uma plataforma para desenvolvedores e optar por ter essa grande comunidade de programadores trabalhando com a gente em vez de fazer tudo nós mesmos é uma decisão importante de negócios. Eu ajudo a dar um rumo para a companhia. Mas, para gerenciar a maior parte dos nossos times, contratamos os melhores do mercado. Aprendo muito com eles. São pessoas muito talentosas. Trocamos muito conhecimento entre nós. Isso é parte do que faz o negócio ser divertido.

EN: Foi mesmo Sean Parker [ex-presidente do Facebook e desafeto de Zuckerberg] quem o aconselhou a permanecer como CEO o máximo que conseguisse?
ZUCKERBERG: Ninguém precisaria me dizer isso (risos). Se você olha para companhias de tecnologia, é o CEO que dá a direção. Nas melhores, os fundadores ainda estão no comando. Acho isso é uma parte importante da formula de sucesso.

EN: Mas no Google, YouTube ou eBay, os fundadores deram lugar a executivos mais experientes. Por que não fazer o mesmo?
ZUCKERBERG: Mesmo quando os fundadores não estão mais no comando, eles ainda estão muito envolvidos com o negócio, como se estivessem no posto de CEO. Empresas bem-sucedidas ao longo prazo são aquelas que tem alguém que tem acredita fortemente aonde elas devem ir. São pessoas que têm a habilidade para delinear isso desde o começo e levar a empresa nessa direção. Há mais de uma direção que uma companhia pode seguir. No final das contas, uma das coisas mais importante que se pode fazer é escolher uma delas. Isso cabe ao fundador.

EN: Os seus mentores lhe disseram que as melhores companhias emergem de crises. Quem são os seus mentores?
ZUCKERBERG: Alguns deles estão no nosso conselho. Marc Andreesen fundou a Netscape. É uma das poucas pessoas do mundo que criou duas companhias bilionárias a partir do nada. Don Graham é CEO do The Washington Post. Ele tem uma perspectiva de longo prazo sobre as coisas e esta disposto a investir por um longo período sem se importar em perder dinheiro nesse tempo.

EN: A geração anterior a sua foi responsável pelo estouro da bolha pontocom. No que eles erraram?
ZUCKERBERG: É difícil dizer que pessoas específicas fizeram coisas erradas. Acho que a bolha teve várias questões culturais relativas ao Vale do Silício. Ao mesmo tempo, as pessoas estavam focadas em fazer dinheiro muito rápido. Abriam capital em um ano ou dois. Não acho que você pode criar uma companhia boa tão rapidamente. Muito do que aprendi e grande parte das pessoas com que me associei nos últimos anos têm a ver com uma perspectiva de longo prazo. O que estamos fazendo, fazer com que as pessoas compartilhem mais informação, é parte de uma tendência que se realizará nos próximos diz ou 20 anos. Nos últimos 15 anos, com a internet, já mudou muito a forma como as pessoas interagem em sociedade, seja para obter conteúdo ou se comunicar, e como moldam suas identidades. Isso continuará a ser construído nos próximos anos.


EN: O Google quer organizar a informação do mundo. O YouTube pretende criar um novo canal para consumo de entretenimento. O Facebook faz o mesmo do lado social. Por que é tão importante ter um negócio com uma missão para os empreendedores de sua geração?
ZUCKERBERG: Não comecei o Facebook como uma companhia. Era um projeto feito no quarto para resolver uma problema com que eu me importava. Muitos dos melhores negócios são feitos a partir disso. Se você está apenas focado em fazer dinheiro, acaba vendendo a companhia ou tomando decisões erradas que otimizam o seu dinheiro mas que eventualmente prejudicam o produto. Ouço sempre que o Facebook é cool e me perguntam como vou mantê-lo assim. Nosso objetivo não é fazer algo cool. Estamos tentando fazer algo que seja útil por um longo período de tempo Isso significa que precisamos priorizar o produto, não tentar fazer dinheiro.

EN: Você se vê vendendo o Facebook?
ZUCKERBERG: Não. Tivemos oportunidades de fazer isso. Se quiséssemos, já teríamos feito.


EN: Muito comparam você a Bill Gates. O que você acha disso?
ZUCKERBERG: Ele construiu muito mais do que fizemos até agora com o Facebook. É uma comparação nobre, mas ainda temos um longo caminho a percorrer.

EN: Outro aspecto muito ressaltado sobre você é a sua fortuna bilionária. Mas, ao mesmo tempo, você sempre ressalta que a companhia é privada e que você não tem dinheiro. Como é ser chamado de bilionário sem ser um?
ZUCKERBERG: Essa é uma ótima pergunta. Só quando virarmos uma companhia pública é que vamos fazer dinheiro. Kevin Rose [fundador do Digg, site de conteúdo votado por usuários] tem a melhor explicação para isso. A revista Business Week o colocou na capa como o garoto que ganhou US$60 milhões de dólares de investidores. Em um podcast naquela semana, disse: “Eles entenderam tudo errado. Somos uma companhia privada, então eu não tenho dinheiro. Não um milionário. Não sou sequer rico. Para ter esse sofá que estamos sentados agora, eu tive que pegar dinheiro emprestado”. Comigo também é assim.

EN: Ao mesmo tempo, há muita controvérsia sobre a sua trajetória. Você já foi processado por plágio, uma história contada por Bem Mezrich no livro Accidental Billionaires. Como você lida com essas acusações?
ZUCKERBERG: Procuro focar no que estamos fazendo. Meu amigos leram o livro e me disseram que se trata de um monte de besteiras. Não vou me dar ao trabalho de ler. Um dos motivos pelo qual o Facebook é excitante para mim é que estamos construindo algo importante. Os outros funcionários compartilham dessa mesma visão, e isso nos une.

EN: Mas você não fica nem um pouco irritado?
ZUCKERBERG: A vida é muito curta para isso.

Facebook

CONCURSO IDÉIAS INOVADORAS


Segunda edição do concurso, com inscrições estão abertas até 18 de setembro. Podem participar lunos de nível médio, graduação, pós-graduação (mestrandos e doutorandos), pesquisadores em todos os níveis de formação, vinculados a instituições de ciência e tecnologia e grupos de pesquisa da Bahia e inventores independentes.

O objetivo é reforçar o incentivo no estado ao empreendedorismo aliado à inovação ao promover a participação da comunidade acadêmica e tecnológica e premiar seus melhores projetos. O prêmio, de R$ 96 mil, será dado aos projetos que melhor atendam aos seguintes critérios de avaliação: ineditismo, aplicação prática, apresentação, impactos e mercado potencial da inovação e perfil do empreendedor.

Fonte: http://www.acaoilheus.org/news/1088-concurso-ideias-inovadoras


Edital e Outras informações

Como ter boas ideias agora

Em livro, consultor explica seu método de 11 passos para chegar a insights inovadores

Gerald Sindell é presidente de uma consultoria em Los Angeles cujo slogan, “How to Think Process” (algo como “o processo de como pensar”), é autoexplicativo. Sindell passou a vida tentando entender como pensamos e ajudando clientes a ter insights. Agora, no livro The Genius Machine (“A máquina do gênio”, inédito no Brasil), ele explica seu sistema de 11 passos para “transformar ideias cruas em brilhantismo”. Sindell, hoje na casa dos 60, começou a carreira escrevendo, dirigindo e produzindo filmes. Em suas próprias palavras, vivia atormentado pelo medo de que, assim que terminasse as filmagens, teria uma ideia brilhante que não poderia mais ser filmada. Esse medo permaneceu com ele. “Temos de ter as ideias mais brilhantes aqui e agora”, afirma.

Segundo ele, nenhum grande insight ou inovação surge sem antes se reconhecer a questão a ser resolvida. A trilha das grandes ideias começa, portanto, pelo próprio problema. Essa é a fase 1. Feito isso, é hora de avaliar as próprias forças. A fase 2 é o que o autor chama de “busca da identidade”. A esta altura, diz ele, as soluções começam a tomar corpo. Mas a musculatura só vem quando elas são testadas. Como? Primeiro, imaginando as suas consequências possíveis – benéficas ou nefastas –, como se elas já existissem no mundo. Essa terceira fase ajuda a aprimorar as ideias.

No quarto passo, coloca-se a ideia pela primeira vez em contato com o mundo exterior. Mas “evite expô-la aos pessimistas e aos advogados do diabo”, alerta Sindell. Deve-se procurar o auxílio de pessoas lúcidas realmente interessadas em ajudar. Elas farão objeções e comentários sinceros que darão nova “sintonia fina” à ideia. Essa voz de fora será muito útil também na fase 5. O quinto passo é identificar como a nova ideia se encaixa no mundo já existente. Que ideias a precederam? No que ela pode colaborar? Muitas ideias morrem aí. Mas o teste fortalece as sobreviventes.

A fase 6 é focada no público-alvo. Nem sempre é uma tarefa óbvia. “Muitas vezes, o público inicial imaginado por nós não é o maior ou o mais significativo”, observa Sindell. A sétima fase é de amadurecimento e de polimento da ideia: agregar valor a ela, buscar ângulos ainda não pensados. É chamada por ele de fundação: o alicerce da ideia, agora tangível, no mundo real.

A oitava fase é a do retoque final. “Seja na criação de uma granja ou no lançamento de um site na web, é a hora de se certificar de que a ideia/projeto/produto realmente vai cumprir plenamente a sua meta”, diz Sindell. Se tudo parece funcionar até agora, chegou a hora, na fase 9, de comunicá-la para o público. Coloque-se no lugar do cliente nesse momento, diz o consultor: pense no que a ideia é importante para a vida dele.

A décima fase, para Sindell, é a mais importante do processo. É sobre o impacto da ideia. É a décima, mas poderia ser a primeira, e nasce da pergunta: “Daqui a três anos, se a minha inovação for bem-sucedida, no que ela vai ter mudado o mundo?”. O autor a chama de gut feeling (ou “sentimento visceral”). Não existe a grande inovação sem ele. O último passo: seja advogado da sua ideia. Se você delegar essa função para outros, é meio caminho para o fracasso.

Por Época NEGÓCIOS

Inovação em modelo de negócio

"O negócio dele é arrumar a confusão"
Gustavo Caetano criou a Samba Tech para vender jogos de celular. Hoje sua empresa fatura 10 milhões de reais ao ano administrando a distribuição de vídeos de grandes clientes

Por Bruno Vieira Feijó | 28.08.2009 | 00h01

Portal EXAME -
Gustavo Caetano, de 27 anos, não é um grande entendido de tecnologias de servidores, tráfego de dados e redes compartilhadas -- ele é formado em marketing. Mas é sua uma das empresas que mais crescem no país entre os novíssimos empreendimentos na área de tecnologia. Fundada por Caetano há apenas cinco anos, a mineira Samba Tech gerencia para os clientes todo o processo de transmissão e armazenamento de seus vídeos pela internet. "Somos uma espécie de empresa de logística que leva cargas digitais", diz Caetano. Com essa proposta, a Samba Tech deve atingir receitas de 10 milhões de reais neste ano.

|Caetano fundou a Samba Tech para vender joguinhos eletrônicos a operadoras de celular. Mudou o rumo mais recentemente ao perceber que muitas empresas que utilizam vídeos na internet para se comunicar com clientes ou parceiros comerciais estão com dificuldades cada vez maiores para lidar com o gerenciamento de conteúdos em diferentes plataformas.

Grandes empresas nessa situação, como a rede de franquias O Boticário e o canal SBT, contrataram a Samba Tech para ajudá-las a se organizar. É preciso converter imagens para formatos eletrônicos compatíveis com a intranet da empresa e com o YouTube? A Samba Tech providencia. Falta memória na infraestrutura para arquivar todo o acervo? A Samba Tech arruma um servidor em alguma parte do mundo e transfere para lá o conteúdo, que será administrado a distância.

A Samba Tech resolveu um problema que estava dando muita dor de cabeça aos executivos do Boticário. A cada lançamento, a empresa coloca na sua TV corporativa -- que funciona na extranet -- um vídeo demonstrativo com instruções sobre o novo produto. Mas o sistema frequentemente não funcionava direito. "Bastava que muitos lojistas quisessem assistir ao vídeo simultaneamente para travar tudo", diz Renato Vertemati, coordenador de marketing de O Boticário. Desde que a Samba Tech passou a hospedar os filmes em servidores terceirizados que podem estar até nos Estados Unidos, a TV Boticário é acessada por centenas de franqueados ao mesmo tempo, sem nem correr o risco de lentidão.

No caso do SBT, o problema era outro. Como o canal produz novos programas num ritmo muito mais rápido do que aumenta sua capacidade de armazenamento, a programação completa não podia ser colocada de uma só vez na internet. Agora, a Samba Tech providencia continuamente servidores terceirizados que armazenam o conteúdo do SBT à medida que é produzido. "Passamos a ter acesso a servidores potentes sem precisar comprar nenhum nem ficar entendendo como funciona esse mercado", diz Nelson Carpinelli, gerente de tecnologia de informação da emissora. "Hoje, toda a nossa programação está disponível na internet."

Esse modelo de negócios, que depende muito mais de compreender o problema do cliente e dar uma solução rápida do que fazer investimentos cada vez maiores em enormes estruturas tecnológicas, atraiu investidores. No final de 2008, o fundo de investimento FIR Capital, de Minas Gerais, aportou 4,7 milhões de reais no negócio. "O grande trunfo da Samba Tech é descomplicar", diz Marcus Regueira, sócio do FIR Capital.

Caetano e seus sócios capitalistas estão animados com a possibilidade de fazer a Samba Tech crescer muito depressa. O vídeo em formato eletrônico está se popularizando numa velocidade extraordinária conforme aumenta o acesso à internet banda larga no mundo todo. Em 2011, o tráfego de dados mundial gerado por esse tipo de arquivo deverá ser cinco vezes maior que o registrado em 2007, segundo estimativa da fabricante americana de roteadores Cisco.

Boa parte desse movimento deverá vir de empresas, pessoas e instituições que não estavam acostumadas a ver o vídeo como uma importante forma de expressão ao alcance delas. Foi o caso do Clube Atlético Mineiro. Com a ajuda da Samba Tech, o Atlético criou uma programação de vídeo para ser vista na internet pelos torcedores do time de futebol. Há cinco meses no ar, a TV Galo veicula os gols da rodada, imagens dos treinos, da concentração e de entrevistas às quais só o clube tem acesso. "Antes, colocávamos esse material no YouTube", diz Emmerson Maurílio, gerente de multimídia do Atlético Mineiro. "Mas não era possível organizar os filmes de forma eficiente." A Samba Tech concentrou todos os vídeos da TV Galo num único lugar. Depois, foi montada uma grade de programação que inclui até a venda de espaços publicitários, como num canal aberto de televisão.

Negócios 2.0

Em uma manhã de julho, em que os termômetros na cidade de Santo André, na Grande São Paulo, registram 14 graus, o movimento nos quatro andares da fabricante de máquinas de sorvetes Fina-mac é intenso. Nos últimos 19 anos, os operários não trabalhavam em pleno inverno. Eram liberados em fevereiro e voltavam apenas no segundo semestre, quando começavam a pingar os pedidos para o verão. Mas, neste ano, os 29 funcionários não tiveram folga. A sazonalidade, enfrentada desde a fundação da empresa, em 1989, deixou de ser um problema. Por trás dessa mudança está o empre-sário Marino Arpino, 50 anos, e uma aliada: a internet.


Durante toda a década de 90, Arpino apostou nas feiras do setor de alimentação para atrair clientes. Pagava R$ 20 mil por inscrição, mas fechava poucos contratos. A partir de 2000, concentrou suas energias no site. Também não funcionou. A virada aconteceu em 2007, quando Arpino descobriu o Google. O principal site de busca do mundo oferecia uma ferramenta de divulgação poderosa, o link patrocinado. Quando um usuá­rio da rede faz uma pesquisa no buscador, os anúncios das empresas relacionados ao tema procurado aparecem no topo da tela. Gustavo Silva, proprietário da Concórdia, uma padaria de Quaraí, na divisa do Rio Grande do Sul com o Uruguai, entrou no site do Google, escreveu as palavras “máquina de picolé” e encontrou o link da Finamac. “Fechei no mesmo dia a compra de duas e depois encomendei mais três”, afirma.

Arpino começou tímido, investindo R$ 1 mil por mês, e cometeu um erro muito comum aos principi-antes nesse tipo de marketing. As campanhas iniciais, vagas, não apareciam em busca nenhuma. “Eu misturava padaria, bar, restaurante, tudo que pudesse ter ou vender sorvete.” Então ele perce-beu que os resultados poderiam ser melhores se tivesse foco. Bolou uma estratégia usando as ex-pressões “comece seu próprio negócio”, “oportunidade de verão” e “desemprego.” E outras nove pa-ra diferentes públicos. Era o caminho para bombar na web. “Passei a receber dez e-mails por dia. Quanto mais gastava com os links, mais e-mails recebia”, diz.

A possibilidade de vender para lugares distantes, no Brasil e no mundo, o fascinou. Até então, as exportações representavam 5% do seu faturamento anual de R$ 2,5 milhões e seguiam para quatro paí­ses da América do Sul. Depois de traduzir suas campanhas no Google para o inglês e o espa-nhol, a receita pulou para R$ 4 milhões no ano passado e as exportações chegaram a R$ 800 mil — 20% do total. Da fábrica, saíram máquinas para os Estados Unidos, México, Israel e países do Leste Europeu. Para ganhar o mundo, ele adotou outra ferramenta, o VoIP, tecnologia que permite fazer ligações gratuitas pela internet para qualquer ponto do planeta. Em dois anos, a conta de telefone caiu 40%.

Como resultado dos R$ 10 mil que gasta por mês nos links patrocinados, Arpino recebe diariamente 30 e-mails de pessoas do mundo todo interessadas em seus produtos. “Se investisse mais, o resul-tado seria até maior. Mas minha empresa ainda não tem estrutura para atender a muitos pedidos. A capacidade mensal de produção é de 40 máquinas”, afirma, sem reclamar. Neste ano a Finamac espera faturar R$ 5 milhões. “O importante é que competimos de igual para igual com os italianos, que sempre foram referência no setor de sorvetes.”

Nas duas décadas que separaram a criação da Finamac da conquista de novos mercados o mundo mudou. Completamente. Aprendemos a conviver com blogs, Google, Orkut, Twitter, Skype. Hoje não basta ter um site. Com a web 2.0 é preciso estar conectado com todos esses recursos — e isso é muito mais simples, rápido e lucrativo do que se imagina. Até montar um site ficou fácil. Existem pa-cotes prontos no mercado a partir de R$ 8 (veja mais no site www.globo.com/pegn). “Acredito que atualmente seja possível montar e operar uma empresa com 20% a 30% do custo necessário há 20 anos”, diz o pioneiro do comércio eletrônico brasileiro, Jack London (leia seu perfil na pág. 79). As ferramentas da internet estão disponíveis para grandes e pequenas empresas: quem usá-las melhor é que vai se dar bem. “O problema é que as pequenas esperam que dê certo nas grandes antes de arriscar quando, na verdade, podem adotar as inovações de uma forma mais rápida por não ter tanta burocracia, afirma Sílvio Meira, cientista chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Reci-fe (C.E.S.A.R.).


Revista Pequenas Empresas Grandes Negócios

Por Elisa Corrêa e Wilson Gotardello Filho

domingo, 6 de setembro de 2009

Em busca de capital

Com Agência Sebrae de Notícias

Robôs projetados para inspeção de equipamentos que operam em águas profundas, projetos para o setor elétrico e comércio on-line de roupas e acessórios de modas para jovens adeptos do cristianismo. Estes foram três dos seis projetos apresentados por empresas incubadas no ‘Primeiro Encontro com Investidores’, promovido pela Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), realizado na quinta, dia 3, na capital fluminense.

Ao todo, foram mapeadas 26 empresas que desenvolvem trabalhos na Coppe/UFRJ, no Instituto Militar de Engenharia (IME) e no Instituto Nacional de Tecnologia (INT). A escolha levou em conta a condição de empresas incubadas com características de potencial de crescimento. O encontro, para o qual foram convidados 14 investidores de capital de risco, é uma das ações do consórcio formado por incubadoras com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Para a empresária Wilsa Atella, da Ambidados, a chance de apresentar o trabalho nestas condições é preciosa. Com foco no setor naval e petrolífero, a empresa desenvolveu uma bóia oceanográfica com telemetria de dados via satélite. O cruzamento de informações como ventos, correntes e marés evita, por exemplo, que navios tenham que atracar em outros portos por não encontrar condições adequadas no destino previsto, o que resulta em operação de alto custo.

Criada em 2006, a Ambidados calcula um aporte de capital de R$ 5 milhões para investimento. Os recursos serão aplicados na contratação de profissionais altamente qualificados e na aquisição de novos equipamentos. A projeção é atingir um faturamento de R$ 10, 8 milhões no quinto ano após o investimento.

“A empresa tem um contrato de longo prazo com a Petrobras e, portanto, já superou a difícil fase de trabalhar apenas para garantir a sobrevivência do negócio, mas agora chegou a hora de mudar de nível. Sem a possibilidade de um encontro como este, dificilmente chegaríamos a estes investidores e nem temos funcionários para fazer este tipo de contato”, avalia Atella.

“Por melhores que sejam as ideias, transformá-las em produtos depende de muitos fatores. Estas empresas são muito inovadoras, mas pequenas para o nosso foco porque trabalhamos com quem tem receita líquida entre R$ 20 milhões e 150 milhões. No entanto, podemos encontrar nichos de mercado que podem ser explorados fazendo, por exemplo, um elo com possíveis necessidades de nossos clientes”, avalia o sócio e gestor de Fundos da Jardim Botânico Investimentos, Eduardo Faria.

Na outra ponta, atua a Criatec. Com 80% de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Fundo de Investimentos de capital semente aplica em empresas inovadoras e em estágio inicial, com faturamento zero a R$ 6 milhões. “Este tipo de encontro é um filtro de oportunidades. Os projetos já são pré-selecionados”, afirma o gestor regional Cláudio Moraes.

A entrada de um investidor era uma hipótese nem sequer considerada pela Virtualy. Criada em janeiro de 2008, a empresa desenvolve simuladores para treinamento em operações de guindastes portuários e offshore, aeronaves regionais e helicópteros.

“Até seis meses atrás, eu nem pensava em qualquer tipo de aporte financeiro, mas mudar de idéia é sabedoria. Nossos produtos são muito bons e o sucesso da empresa é uma questão de tempo. A diferença é que a entrada de recursos pode acelerar este processo. Além do dinheiro, este tipo de associação amplia enormemente o contato para novos negócios porque o investidor trabalha junto”, afirma um dos sócios da empresa, Gérson Cunha.