segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O negócio dele é arrumar a confusão


Gustavo Caetano criou a Samba Tech para vender jogos de celular. Hoje sua empresa fatura 10 milhões de reais ao ano administrando a distribuição de vídeos de grandes clientes


Portal EXAME -

Gustavo Caetano, de 27 anos, não é um grande entendido de tecnologias de servidores, tráfego de dados e redes compartilhadas -- ele é formado em marketing. Mas é sua uma das empresas que mais crescem no país entre os novíssimos empreendimentos na área de tecnologia. Fundada por Caetano há apenas cinco anos, a mineira Samba Tech gerencia para os clientes todo o processo de transmissão e armazenamento de seus vídeos pela internet. "Somos uma espécie de empresa de logística que leva cargas digitais", diz Caetano. Com essa proposta, a Samba Tech deve atingir receitas de 10 milhões de reais neste ano.

Caetano fundou a Samba Tech para vender joguinhos eletrônicos a operadoras de celular. Mudou o rumo mais recentemente ao perceber que muitas empresas que utilizam vídeos na internet para se comunicar com clientes ou parceiros comerciais estão com dificuldades cada vez maiores para lidar com o gerenciamento de conteúdos em diferentes plataformas.

Grandes empresas nessa situação, como a rede de franquias O Boticário e o canal SBT, contrataram a Samba Tech para ajudá-las a se organizar. É preciso converter imagens para formatos eletrônicos compatíveis com a intranet da empresa e com o YouTube? A Samba Tech providencia. Falta memória na infraestrutura para arquivar todo o acervo? A Samba Tech arruma um servidor em alguma parte do mundo e transfere para lá o conteúdo, que será administrado a distância.

A Samba Tech resolveu um problema que estava dando muita dor de cabeça aos executivos do Boticário. A cada lançamento, a empresa coloca na sua TV corporativa -- que funciona na extranet -- um vídeo demonstrativo com instruções sobre o novo produto. Mas o sistema frequentemente não funcionava direito. "Bastava que muitos lojistas quisessem assistir ao vídeo simultaneamente para travar tudo", diz Renato Vertemati, coordenador de marketing de O Boticário. Desde que a Samba Tech passou a hospedar os filmes em servidores terceirizados que podem estar até nos Estados Unidos, a TV Boticário é acessada por centenas de franqueados ao mesmo tempo, sem nem correr o risco de lentidão.

No caso do SBT, o problema era outro. Como o canal produz novos programas num ritmo muito mais rápido do que aumenta sua capacidade de armazenamento, a programação completa não podia ser colocada de uma só vez na internet. Agora, a Samba Tech providencia continuamente servidores terceirizados que armazenam o conteúdo do SBT à medida que é produzido. "Passamos a ter acesso a servidores potentes sem precisar comprar nenhum nem ficar entendendo como funciona esse mercado", diz Nelson Carpinelli, gerente de tecnologia de informação da emissora. "Hoje, toda a nossa programação está disponível na internet."

Esse modelo de negócios, que depende muito mais de compreender o problema do cliente e dar uma solução rápida do que fazer investimentos cada vez maiores em enormes estruturas tecnológicas, atraiu investidores. No final de 2008, o fundo de investimento FIR Capital, de Minas Gerais, aportou 4,7 milhões de reais no negócio. "O grande trunfo da Samba Tech é descomplicar", diz Marcus Regueira, sócio do FIR Capital.

Caetano e seus sócios capitalistas estão animados com a possibilidade de fazer a Samba Tech crescer muito depressa. O vídeo em formato eletrônico está se popularizando numa velocidade extraordinária conforme aumenta o acesso à internet banda larga no mundo todo. Em 2011, o tráfego de dados mundial gerado por esse tipo de arquivo deverá ser cinco vezes maior que o registrado em 2007, segundo estimativa da fabricante americana de roteadores Cisco.

Boa parte desse movimento deverá vir de empresas, pessoas e instituições que não estavam acostumadas a ver o vídeo como uma importante forma de expressão ao alcance delas. Foi o caso do Clube Atlético Mineiro. Com a ajuda da Samba Tech, o Atlético criou uma programação de vídeo para ser vista na internet pelos torcedores do time de futebol. Há cinco meses no ar, a TV Galo veicula os gols da rodada, imagens dos treinos, da concentração e de entrevistas às quais só o clube tem acesso. "Antes, colocávamos esse material no YouTube", diz Emmerson Maurílio, gerente de multimídia do Atlético Mineiro. "Mas não era possível organizar os filmes de forma eficiente." A Samba Tech concentrou todos os vídeos da TV Galo num único lugar. Depois, foi montada uma grade de programação que inclui até a venda de espaços publicitários, como num canal aberto de televisão.

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