quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Excesso de confiança pode inibir novas ideias

Fonte: Papo de Empreendedor
08.03.2009 Fernanda Carpegiani

Em sua última coluna na revista The New Yorker, o jornalista britânico Malcolm Gladwell discute a “crise do excesso de confiança” (crisis of overconfidence, em inglês). Entitulado “Cocksure: The Psychology of Overconfidence” (Pretencioso: A Psicologia do Excesso de Confiança), o texto analisa como o cérebro administra as decisões e identifica o papel da dimensão psicológica nas escolhas que fazemos, usando como exemplo a guerra e a crise financeira mundial.

Para Gladwell, o excesso de confiança é apenas uma das causas de insucesso. Um outro ponto seria o fato de que líderes costumam basear seu comportamento em tomadas de decisões que tiveram sucesso no passado. O resultado costuma ser ideias repetidas, que não evoluem e não se modificam através dos tempos. O processo de criação fica comprometido e os líderes acabam não se adaptando aos novos cenários de mercado.

Valerie Casey, conceituada designer da IDEO, observou um exemplo claro desta situação no texto “Why Does the Best Design of 2009 Still Look Like 2000?” (Porque o melhor do design de 2009 ainda se parece com o de 2000?), publicado no site Fast Company.

Casey põe em xeque a função do design, sempre a frente das inovações e adaptações, ao expor a semelhança dos objetos premiados pelo IDSA no Prêmio Internacional de Excelência em Design, IDEA na sigla em inglês (International Design Excellence Awards), com antigos ganhadores do mesmo prêmio. Veja as comparações feitas por ela:

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View-Master Virtual Viewer (2000) e Argus Bean Children's Digital Camera (2009)

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Diante desta realidade, Casey questiona se, com todas as mudanças sociais e econômicas dos últimos dez anos, o design atual não deveria ser muito diferente do de 2000. Ela sugere que a razão para tais semelhanças faz parte da dificuldade de adaptação que o excesso de confiança pode causar.

Ela cita Gladwell e compara este cenário ao que o jornalista britânico identifica como “ilusão de controle”, na qual acreditamos tanto em nossas decisões anteriores que “superestimamos a precisão de nosso discernimento” e repetimos aquilo que consideramos bom. No entanto, algo que foi bom no passado pode não se encaixar na realidade atual, caindo no anacronismo.

A preocupação de Valerie Casey se estende à área de negócios devido ao importante papel do design no mundo corporativo. “Designers regularmente trabalham com líderes de empresas, levando fundações e governos ao redor do mundo a resolver os mais complexos problemas do nosso tempo”, afirma.

É o momento de refletirmos sobre uma revisão de conceitos, cujo ponto crítico seria repensar nossas decisões para criar produtos diferenciados, que acompanhem as modificações do mercado. Produzir novos sucessos é muito melhor do que repaginar os antigos, o que explica a atual valorização de ideias inovadoras, habituais nas páginas da Pequenas Empresas e Grandes Negócios. O que vemos hoje é uma continuidade de tudo aquilo que já foi visto e feito. O mais difícil - e igualmente necessário - é quebrar este ciclo com novas e surpreendentes ideias.

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