terça-feira, 27 de outubro de 2009

Empreendedorismo inovador: sinônimo de futuro

O Movimento de parques tecnológicos e incubadoras de empresas atinge objetivos consideráveis e se mostra como uma das vertentes que podem garantir o crescimento de países em desenvolvimento como o Brasil. A realização conjunta do Global Forum e do Seminário Nacional promete tornar o país o centro das discussões mundiais sobre empreendedorismo inovador para o desenvolvimento.


Quando o professor Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque assumiu o comando do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em meados da década de 1980, não havia incubadoras ou parques tecnológicos no Brasil. “Era um fenômeno que já era observado na Europa e nos Estados Unidos, então começamos a pensar em algo similar”, relembra. Albuquerque, que hoje é reconhecido como precursor do movimento brasileiro de empreendedorismo inovador, comandou a criação de fundações tecnológicas pioneiras: em Campina Grande (PB), Manaus (AM), São Carlos (SP), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC). Uma das primeiras incubadoras do Brasil foi a da ParqTec - Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos, que começou a funcionar em dezembro de 1984. “Era um dos lugares com mais capacidade na época, além de possuir uma equipe extremamente receptiva”, detalha. De lá para cá, a meta de criar um parque para cada região brasileira, além de núcleos de incubadoras de empresas que pudessem estimular esse processo, foi atingida. Hoje, o País conta com mais de 400 incubadoras de empresas, cerca de 7 mil empresas incubadas e graduadas, que faturam R$ 2 bilhões ao ano, segundo dados de 2007 da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (Anprotec). O constante crescimento e desenvolvimento da inovação pode realmente representar o retorno da perspectiva otimista de que “o Brasil é o país do futuro”.

A consolidação do movimento de empreendedorismo inovador também foi marcada pela criação da Anprotec e do Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras em 1987. Para o presidente da Anprotec, Ary Plonski, o Seminário de 2009 será um marco de comemoração desses 25 anos de políticas públicas em prol do empreendedorismo inovador no Brasil. “O evento é produto da parceria com o Sebrae e do apoio de numerosas instituições. Este ano está ainda mais engrandecido pela conjugação com o infoDev Fórum Global e marca a consolidação do Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e aos Parques Tecnológicos, iniciativa pluri-institucional liderada pelo MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia)”, comenta.

Mas o que define o sucesso de uma incubadora ou parque tecnológico? Para Albuquerque, a resposta é simples: vocação. A implementação ideal provou ser muito bem-sucedida naqueles locais onde, anteriormente, já tinham desenvolvimento de pesquisa ou alta atividade empreendedora. “A presença de incubadoras e de parques tecnológicos foi, e ainda é, extremamente eficiente para o desenvolvimento econômico e tecnológico de diversas regiões do país”, comenta.

Após mais de 20 anos, o profissional comemora o fato de o Brasil ter conseguido desenvolver entidades que cuidam do setor e fomentam o desenvolvimento da atividade. “Hoje, o programa que inicialmente necessitou de uma ação indutora do CNPq, basicamente bancando com recursos próprios, conta com o apoio geral de diversas instâncias”, conclui.

Semente de inovação

Palco do Seminário deste ano, Santa Catarina está entre os estados brasileiros que mais evoluíram no cenário do empreendedorismo inovador. Segundo Carlos Eduardo Negrão Bizzotto, presidente do Instituto Gene Blumenau e líder temático da Anprotec, o movimento cresce fortemente no Estado desde o início da década de 1990. “Com exceção do Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (Celta), que foi a primeira incubadora instalada em uma capital brasileira, em 1985 (com o nome de IET), todas as demais surgiram a partir de 1993″, explica. O diretor da Anprotec explica que a realização do evento em Santa Catarina é o reconhecimento de um dos estados que mais se empenham em apoiar empreendimentos inovadores. “Em decorrência, é um dos locais que mais colhe resultados. Florianópolis é emblemática: o segmento de empresas de TI, fruto das incubadoras e do parque tecnológico ali instalados, despontou há alguns anos com o principal componente do PIB dessa bela cidade, suplantando a contribuição do turismo, atividade econômica pela qual é notória”, conclui.

A região tem uma particularidade, pois possui um crescimento descentralizado, o que viabiliza o aparecimento de vários núcleos simultâneos de pesquisa e desenvolvimento. “Como nenhuma cidade possui mais de 600 mil habitantes e a capital não é a mais populosa, as iniciativas ocorreram em paralelo, o que permitiu uma amplificação das ações e dos resultados”, detalha Bizzotto.

Hoje, o Estado conta com 21 incubadoras, que abrigam 137 empresas e geram 1,4 mil empregos diretos. O faturamento das incubadas é de aproximadamente R$ 70 milhões. Há, ainda, 19 projetos em andamento, sendo que alguns deles já receberam aportes do Governo do Estado e devem operar nos próximos anos.

De acordo com Tony Chierghini, diretor do Celta e presidente da Rede Catarinense de Incubadoras, o forte sucesso da incubadora que ele dirige é um dos fatores que influenciou a ascensão do movimento na região. “Os outros municípios e regiões viram que também poderiam ter esse benefício tecnológico e o consequente desenvolvimento econômico”, comenta. O Estado se beneficia do boom do movimento de diversas maneiras: geração de empregos, aumento da arrecadação de impostos e movimentação econômica. “Em Florianópolis, onde a economia era baseada apenas no turismo, hoje o foco está mudando para tecnologia. Ou seja, está sendo desenvolvida uma nova fonte de recursos para o município”, exemplifica.

Evolução em cinco tempos

Bizzotto comenta que essa evolução teve basicamente cinco ciclos. O primeiro foi o programa Softex, que viabilizou a criação de três núcleos no Estado: Blusoft, em Blumenau; Softville, em Joinville e Softpólis, em Florianópolis. “A partir desse momento, a geração de empreendimentos inovadores tomou um grande impulso”, detalha.

Depois, iniciou-se o programa Softstart, criado pelo Softex, com apoio do CNPq, gerando o Gene-Blumenau, o Gene-Joinville e o Geness, em Florianópolis. “Passou a haver grande foco em empreendimentos inovadores provenientes das universidades, o que garante dinamismo significativo ao movimento catarinense”. Já o terceiro ciclo contou com o apoio do Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (SEBRAE), que viabilizou a criação do MIDI-Tecnológico, em Florianópolis. “A entidade também apoiou o desenvolvimento das incubadoras que já existiam, tornando-as mais fortes e geradoras de resultados mais significativos”, comenta.

Posteriormente, o Estado obteve apoio da Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de Santa Catarina (Fapesc), que fortaleceu ainda mais as incubadoras, reforçando a geração de empreendimentos inovadores a partir de pesquisas nas universidades. O último e mais recente ciclo, inclui a adesão das prefeituras. “Toda esta evolução foi possível em função da existência características importantes: descentralização, competência técnica e governança”, conclui Bizzotto. Já pensando no futuro, Chierghini aponta que a meta é conseguir desenvolver uma incubadora em cada mesorregião. Por ser a sede do Seminário em 2009, Santa Catarina pode se beneficiar ainda mais. “Será a vitrine da inovação para o mundo todo. O Estado mostrará seu potencial em diversas áreas, da inovação ao turismo, passando por gastronomia, pois se espera que mais de mil pessoas de, aproximadamente, setenta países visitem o evento”, garante.



Fonte: 3º infoDev Fórum Global de Inovação & Empreendedorismo e ao XIX Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas
Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
26 a 30 de outubro de 2009

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