segunda-feira, 15 de junho de 2009

Sem inovação, Brasil corre risco de "apagão tecnológico"

Fonte: Convergência Digital

Na sexta-feira,05/06, durante o segundo dia do 2º Encontro Nacional da Inovação Tecnológica da Indústria Elétrica e Eletrônica (Enitee), realizado no ABINEE TEC 2009, no Anhembi, em São Paulo, houve críticas à atual politica adotada para a área no país.

O diretor geral da PROTEC (Pró-Inovação Tecnológica), Roberto Nicolsky, falou sobre o papel da inovação para a competitividade e sustentabilidade das empresas. Nicolsky alertou que, se nada for feito, o país corre um risco de sofrer um apagão tecnológico.

"O Ministro de Ciência e Tecnologia comemorou recentemente em artigo a quantidade de papers produzidos no Brasil como exemplo do sucesso do país. Mas quem come paper, quem é curado por paperω", questionou o diretor da Protec. Para ele, a real dimensão do estágio de inovação do país é dada pela baixíssima produção de patentes.

Para demonstrar o desafio do Brasil nesta área, Nicolsky comparou a precisão e simplicidade da lei indiana de desenvolvimento tecnológico com a lei de inovação brasileira, esta complexa, repleta de incisos e que confunde os conceitos de ciência e tecnologia.

Além disso, ele afirmou que a encomenda tecnológica que está na Lei de Inovação não foi regulamentada. Da mesma forma, as compras governamentais que também estão na lei e não são utilizadas. Ao fazer um panorama do fomento ao desenvolvimento tecnológico no Brasil, o diretor da Protec criticou os editais de subvenção da FINEP que restringem a participação das empresas priorizando mais a fronteira tecnológica.

“Através de muitos pedidos feitos pela PROTEC, a FINEP incluiu como critério no seu edital de 2009 a viabilidade comercial do projeto”. Outro ponto destacado por Nicolsky foi o fato dos editais especificarem apenas 18 tópicos de projeto a serem submetidos para a análise. Para ele, a FINEP criou a loteria federal da tecnologia.

“Inovar não é fazer algo inédito, nem descobrir uma nova tecnologia. Países como a Coréia, China, Índia e Taiwan não lançaram nenhum produto e basearam seu crescimento no aperfeiçoamento de produtos”, concluiu.

No evento, o diretor de tecnologia da ABINEE, Nelson Luis Freire, afirmou que a entidade enviou à ABNT um rascunho para a criação de uma norma para a inovação, visando a disseminação do tema, nos moldes feitos com a questão da qualidade, através do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP).

"Hoje, a ISO 9000 é conhecida por toda a sociedade. O tema da inovação também deve ser levado a um público maior", disse. Segundo ele, a intenção da ABINEE é a partir da norma criar o Selo da Empresa Inovadora.

O diretor da ABINEE ressaltou que a norma tem também como objetivo a diferenciação das empresas na participação em licitações nos órgãos governamentais e empresas de economia mista, além de promover a transparência nas análises dos processos de pleitos de concessão de incentivos à inovação.

Segundo ele, a norma contribuirá, ainda, para o melhor direcionamento dos investimentos na área. “0,9% do PIB de investimentos em P&D é muito pouco. Além disso, são mal investidos, pois não existe um planejamento maior”, completou.

O Gerente do Departamento de Tecnologia e Política Industrial da ABINEE e presidente do IPD Eletron, Fabián Yaksic, salientou que estão sendo feitas gestões junto à ABNT para acelerar a implementação da norma.

“Estamos engajados para que saia o mais rápido possível”, disse. Na ocasião, Yaksic fez uma apresentação detalhada sobre os principais objetivos do IPD, que visa elaborar e incentivar o planejamento e a execução de projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológicos no setor elétrico e eletrônico, além de fomentar a aproximação entre empresas, universidades e institutos de pesquisa.

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