segunda-feira, 9 de março de 2009

Nem melhores nem piores, apenas diferentes

Marcos Seabra
Do Diário do Grande ABC

Foi com espanto de parte da população brasileira que lá pelos anos 1980 viraram manchete mulheres fotografadas em ocupações que tradicionalmente eram dos homens.

Motoristas de ônibus e de caminhão, pedreiras e outras tantas profissões, mulheres foram retratadas nas mais diversas situações. De pronto, vieram as críticas de homens dizendo que iriam perder o emprego por essa invasão do sexo oposto. Não aconteceu.

Mais tarde, nos anos 1990, as mulheres apareceram no comando de empresas, entidades, governos e outros tantos postos de gerência e chefia espalhados pelo País. E, outra vez, ainda que sem alarde, homens correram para apontar defeitos no sexo frágil. O tempo passou e, mais uma vez, as críticas se mostraram puro preconceito.

Na verdade, as diferenças entre homens e mulheres sempre foram motivo de discussões. "Metaforicamente, ela aguenta 15 assaltos e ganha uma luta por pontos. Já o homem aguenta apenas cinco e ganha por nocaute, buscando o resultado final. Enquanto as mulheres persistem a longo prazo e vencem justamente por isso, eles são resolutos", define Luiz Fernando Garcia, especialista em manejo comportamental e empreendedorismo em negócios e consultor certificado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e pelo Sebrae.

Garcia acredita que as mulheres caminham junto com a modernização do trabalho no País. Para vários economistas, o setor de serviços, em substituição ao industrial, é o futuro. "Se os homens foram os heróis da era da Revolução Industrial, as mulheres têm um grande papel a desempenhar na era dos serviços, que precisa de facilidade de relacionamento com clientes e com comunidades, característica feminina por excelência", acrescenta.

E mais: surgiu a hora da mulher empreendedora. "Para elas, possuir um negócio parece ser uma estratégia de vida e não meramente uma ocupação ou um meio para ganhar dinheiro."

Garcia também vê na modernidade uma situação diferente na inclusão da mulher no mundo dos negócios. "Ambivalentes, as mulheres tendem a valorizar mais o trabalho do que os filhos ou a família em geral, mas, ao confrontar o dilema trabalho versus marido, as empreendedoras optam por uma alternativa que expressa a valorização combinada de ambos. Assim, têm como meta atingir um equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal, utilizando diferentes estratégias para lidar com as demandas do negócio e da família", comenta o consultor da ONU.

Prosseguindo na sua análise, Garcia não esquece do sentimentalismo da mulher. "Elas têm mais facilidade para compor equipes, persistência, cuidado com detalhes, além de valorizarem a cooperatividade. Apesar de incluírem certa dose de sentimentalismo a suas decisões, têm maior facilidade para desenvolver atividades intelectuais, inverso ao homem, que é mais ágil e prático", diz.

Para amenizar, o consultor conlui: "As empreendedoras são assim: com forte tendência a perceber seus negócios como difíceis, porém os veem muito mais como desafio do que fardo, o que contraria crenças muito difundidas de que as mulheres não conseguem manter tantas responsabilidades - lar, marido, filhos, trabalho. Os negócios tendem a ser vivenciados sem culpa, em harmonia com o lar, vantajosos para a família, não se constituindo, portanto, como oposições."

Nenhum comentário:

Postar um comentário